Mauro Xavier: “A Microsoft é sexy”

A Microsoft é sexy
“A Microsoft é sexy”, garante Mauro Xavier, novo director de OEM da Microsoft. Numa altura em que a gigante escolheu Portugal para instalar unidade mundial.

Mauro Xavier acaba de assumir a área de OEM (Original Equipment Manufacturers) da Microsoft Portugal, onde tem a cargo a gestão do negócio e do relacionamento com os fabricantes de computadores. Portugal deu cartas ao adoptar, com o Magalhães, uma política de one-to-one computing e a gigante mundial quer fazer do país exemplo. Há outras áreas, porém, que estão atrasadas no uso das novas tecnologias, vindo a saúde à cabeça.

Briefing – A Microsoft anunciou que vai instalar em Portugal uma unidade mundial de alianças público-privadas. Estamos a falar exactamente de quê?
Mauro Xavier – Como Portugal foi o primeiro país do mundo a ter um sistema chamado one-to-one computing, com um computador por criança no sistema educativo, a Microsoft honrou-nos com a possibilidade de sediar cá um espaço que tem como missão exportar esse conceito para o resto do mundo. Não só para crianças, mas também para idosos ou todo um conjunto de pessoas que não tenham acesso às novas tecnologias.

Brifing – E para quando?
MX – Temos de atingir a velocidade de cruzeiro nos próximos cinco, seis meses. Esta nova moda dos NetPC, destes computadores pequenos que nos mudaram a vida, vem facilitar o custo de aquisição do acesso a esta tecnologia. Claro que a evolução da tendência one-to-one computing dependerá da aposta de cada país.

Briefing– Teremos, portanto, não Magalhães, mas Cervantes ou Colombos, noutros países?
MX– Temos de terminar com a postura napoleónica na sala de aula e adoptar uma postura de colaboração. Já ninguém trabalha numa empresa com um director geral a dar ordens e os outros a executarem. O mesmo tem de acontecer na escola. No momento em que o professor está a dizer uma coisa, o aluno já deve estar a pesquisar na internet e a adicionar mais conteúdos. Isso irá levar a uma verdadeira revolução ao ensino. 

Briefing – Concorda, então, com Plano Tecnológico traçado pelo Governo?
MX – Um dos principais objectivos da Microsoft é promover o desenvolvimento da economia local. Costumamos dizer que nós fazemos cimento e os nossos parceiros fazem casas. Portanto, o choque tecnológico enquanto forma de mobilizar a sociedade é uma ideia interessante, que tem sido copiada por outros países. A questão é que só muito recentemente é que as PME perceberam que o caminho seria claramente uma aposta nas novas tecnologias.

Briefing – Quais são as deficiências das PME nacionais?
MX – Não se encararem como empresas exportadoras. As PME funcionam para o seu concelho, mais tarde olham para o seu distrito enquanto mercado e só depois para o seu país. 

Briefing – Depois da MobiComp, estão a pensar adquirir mais alguma empresa nacional?
MX – Não posso adiantar nada.

Briefing – A Microsoft Portugal foi eleita a segunda melhor subsidiária da Microsoft, nos dois anos anteriores tinha sido a melhor…
MX – Porque sabermos que dá gozo trabalhar na Microsoft, ainda nos dá mais gozo trabalhar na Microsoft. É muito sexy trabalhar nesta empresa. Poder trabalhar à distância, poder ir buscar a minha filha em horário decente à escola e depois trabalhar no momento em que entender, sem o complexo de ter de estar no escritório. Focamo-nos nos objectivos e damos máxima liberdade às pessoas.

Briefing – Mas houve despedimentos este ano…
MX – Comparando os nossos lucros deste ano com os lucros do ano passado, decrescemos 18%. Pela primeira vez na história da Microsoft não crescemos mais que no ano anterior e houve despedimento de pessoas, felizmente o impacto em Portugal foi mais reduzido.

Briefing – Como vê o próximo ano? Quais são, no fundo, as áreas de negocio de que poderão crescer?
MX– Temos seis meses para perceber qual é a tendência destes pequenos sinais que o mercado vai dando de retoma … O nosso espaço tradicional é o da venda de PC, quando as pessoas voltarem a consumir e a acreditar, o nosso negócio descola. O mesmo acontecerá se conseguirmos adoptar noutros países a solução protagonizada pelo Governo português com os Magalhães. Outra área de retoma passa por soluções enterprise e, nesse âmbito, temos todas as soluções de negócio no nosso portfolio.

Briefing – A guerra com o Google pode ser ganha com o Bing?
MX– Uma das pessoas que mais admiro, e não é por ser o meu CEO máximo, é o Steve Ballmer. Ele tem uma frase muito curiosa do inglês que é: ‘Tenacity, tenacity, tenacity!’. Isto, na prática,  quer dizer que ele não desiste de maneira nenhuma. Se há cinco anos ninguém acreditava que o Google pudesse ser destronado, estes primeiros sinais que o Bing tem dado são uma surpresa. Por exemplo, em Portugal temos uma parceria com a Sapo, portanto o nosso maior motor de busca em Portugal utiliza a tecnologia Bing.

Brieifng  – Pedia-lhe, para terminar,  que definisse as tendências futuras deste mercado…
MX– A saúde será o mercado potencial de sistemas de informação que terá a maior evolução nos próximos cinco anos. Vamos assistir na saúde àquilo a que assistimos nos impostos, por exemplo. Se quiser consultar o seu boletim de vacinas, não tem o seu boletim online; não faz sentido que a radiografia que tirou no hospital A não esteja disponível no hospital B e que por causa disso volte a tirar outra radiografia com mais custos; não faz sentido não poder marcar uma consulta pela Internet… Terá de ser feito, em linguagem política, um Simplex da Saúde.

Brieifing – Outra tendência será…
MX – Uma virtualização das aplicações que na prática signifique utilizar, com a mesma capacidade instalada de hardware, mais software. É uma tecnologia que já existe no mercado mas que vai explodir nos próximos anos.

Quarta-feira, 19 Agosto 2009 17:56


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