Natal, o chamado Super Bowl da Europa, é uma época excelente.
Não, não estou só a falar dos €20 que a avó nos dá. Do obrigatório coffret com gel de banho e hidratante de coco. Nem mesmo do drama familiar que, invariavelmente, acaba sempre mais ou menos bem. Para quem trabalha em publicidade, Natal é a época de discutir, com gáudio, o bom, o mau e o feio da indústria.
Por isso, é injusto a pergunta que fazem. A “melhor” campanha de Natal de sempre? Golpe baixo. É como ter de escolher entre as mousses da mãe ou da tia. Toda a gente sabe que a resposta é: uma taça das grandes de cada. E, neste espírito de excesso que esta quadra nos merece, vou escolher a minha campanha de Natal favorita, mas vou mencionar três.
Se quisesse parecer uma pessoa melhor do que sou, escolhia a “The Bear and The Hare”, do John Lewis. Se não chorarem, não têm coração. Isto é um facto científico que eu estou a escrever enquanto limpo as lágrimas, porque fui rever o filme.
Se quisesse parecer uma pessoa pior do que sou, escolhia a “Sorry, I Spent It On Myself”, do Harvey Nichols. Não fosse o Natal a época mais maravilhosa para se ser egoísta.
Mas a verdade é que a campanha que vive no meu coração, e tem destaque em cima da lareira todos os anos durante o período festivo, é a “Spare the Act”, do Currys PC World. Especialmente o filme Jigsaw.
Agora podia só dizer: tem o Jeff Goldblum. E vocês não me pediam mais explicações. E, de facto, não é preciso. Mas deixem-me só acrescentar que, para além de um script delicioso e uma interpretação incrível de todos os que participam no filme, ainda tem um insight dolorosamente verdadeiro. O sorriso amarelo, verde, às bolinhas que temos de fazer quando recebemos não um presente, mas uma desilusão. Que, vamos ser verdadeiros, também é um clássico de Natal.
Este é um filme para ver todos os Natais. Tal como o “Home Alone”, a “Música no Coração” e o “Die Hard”. De nada e boas festas.
Sara Soares, diretora criativa executiva da VML Portugal