O comando da TV está nas mãos da Covid-19

Teletrabalho. Gravações de programas de entretenimento, em direto, suspensas. Adaptação da programação. Aposta na informação. Estas são algumas das medidas que a RTP, a SIC e a TVI estão a implementar, com o intuito de previnir a propagação de possíveis contágios por Coronavírus. 

 

RTP

A RTP, na sequência das informações e recomendações veiculadas pelas autoridades de Saúde em Portugal, decidiu implementar algumas medidas preventivas, tendo “sempre presente a salvaguarda da saúde e segurança dos seus profissionais”. 

O canal tem já tem centenas de trabalhadores em teletrabalho: “A empresa incentiva o teletrabalho, desde que isso não ponha em causa as emissões, de forma a garantir as obrigações de serviço público da RTP”, sublinha Filipa Dias, do gabinete de Marketing Estratégico e Comunicação da RTP.

Atualmente, os programas de daytime estão a ser adaptados à realidade da situação que se vive no País, “contribuindo para um espaço de esclarecimento e informação fundamental para a população em geral”. Os programas inseridos nesta categoria, nomeadamente a “Praça da Alegria” e “A Nossa Tarde” – que tem, agora, um horário reduzido, entre as 15:50 e as 17:30 –, deixaram de contar com a presença de público em estúdio nas suas emissões.

As gravações dos projetos de ficção em curso, bem como dos programas “Quem Quer ser Milionário”, “Joker” e “The Voice Kids” foram adiadas. Também as emissões em direto dos programas “5 para a Meia Noite”, “Depois, Vai-se a Ver e Nada” e “Got Talent Portugal” foram suspensas, “mantendo-se as suas emissões em formatos adaptados”.

Com emissões em formatos adaptados, na RTP, estão ainda os programas “Cá Por Casa com Herman José”, “Prova Oral”, “Faz Faísca” e “Voz do Cidadão”, cujas gravações foram suspensas. Este cenário repete-se na RTP Internacional, nos programas “Filhos da Nação”, “Network Negócios”, “Lusavox”, “Palavra aos Diretores” e “Decisão Nacional”.

Outra medida adotada pela estação passa pelo aumento da programação educativa para crianças e jovens, nos seus canais.

Já ao nível da informação, a RTP1 vai emitir um Especial Informação, dedicado à Covid-19, de segunda a sexta-feira, entre as 21:00 e as 21:30, “substituindo, assim, alguns dos programas não diários da grelha da RTP1”. Na RTP3, o “Linha Direta” será também dedicado ao evoluir à pandemia.

 

SIC

Atuar de forma preventiva. Foi esta a decisão tomada pela SIC, nos seus programas de entretenimento, para salvaguarda da saúde, segurança e estabilidade dos seus profissionais, perante a Covid-19.

A estação criou condições para que “o isolamento profilático aconselhado pelas autoridades nacionais de saúde seja tido em conta pelo maior número de pessoas possível”.

Daí resultaram diversas ações, entre as quais a suspensão das produções de ficção em curso nas produtoras SP Televisão e Coral Europa, durante o período mínimo de uma semana, uma situação que não afeta, contudo, a emissão diária das novelas “Terra Brava” e “Nazaré”.

Suspender as transmissões em direto dos programas “O Programa da Cristina”, “Júlia” e do programa “Olhó Baião”, no mínimo, durante uma semana, e criar as “devidas adaptações aos formatos que permitam continuar a servir o melhor possível os telespetadores”, é outra das medidas implementadas. Suspenso está ainda o “Curto Circuito”, da SIC Radical, pelo mesmo período.

Já o programa “Alô Portugal” será transformado numa “plataforma ao serviço dos cidadãos”, que terão via aberta para participação telefónica e esclarecimento de dúvidas.

As gravações da “Árvore dos Desejos” estão, atualmente e por tempo indeterminado, interrompidas, mantendo em exibição os programas já gravados da segunda temporada.

A SIC anunciou também que está a “restringir, de forma temporária, a presença de profissionais ao mínimo essencial para o normal funcionamento dos programas” e a destacar para isolamento profilático, colaboradores que estejam nos chamados “grupos de risco”.

A estação sublinha que vai a avaliar, diariamente, novas medidas que venham a revelar-se necessárias.

 

TVI

Também a TVI está a adaptar a sua programação, face à situação epidemiológica, no País, e quase toda a empresa está a trabalhar a partir de casa, há mais de uma semana.

“O Covid-19 tem estado a impactar de forma significativa as nossas produções”, refere a assessora de imprensa da Media Capital, Sara Morais, sublinhando que esta é uma realidade além-fronteiras: “Nos EUA oitenta programas, entre ficção e entretenimento, estão a ser afetados”.

Por cá, na estação de Queluz suspendeu todos os programas emitidos em direto, diários ou semanais, de entretenimento, como é o caso do “Dança com as Estrelas” e do “Big Brother 2020”, que é apontado como “de capital importância para a TVI” e cuja estreia foi adiada.

Apenas a informação não foi “totalmente abrangida” por esta medida, dada a sua importância. “Neste momento em que vivemos, não podemos passar sem ela, mas mesmo as suas equipas estão a funcionar de forma muito diferente, estando muitas pessoas em regime de teletrabalho, deixando na empresa apenas os que têm impreterivelmente que estar nas instalações pelo seu tipo de função”, explica Sara Morais.  Acrescenta ainda que “quase toda a empresa está a trabalhar no regime de teletrabalho, há já mais de uma semana a esta parte”.

No caso das produções de ficção, as gravações foram canceladas na semana passada, de forma a antecipar problemas que pudessem advir da atividade.

Além de estas medidas visarem, “evidentemente”, a proteção das pessoas que trabalham nas empresas do Grupo Media Capital, em particular, estão também relacionadas com “um sentido de responsabilidade que todos os cidadãos e as empresas têm que adotar, para ajudar a travar esta pandemia”, afirma a assessora de imprensa. É neste prisma que destaca: “Este tema não é sobre nós. Ou melhor, é sobre todos”.

Em termos de programação, num momento em que, conscientemente, se promove o #stayhome e há um crescente número de pessoas a ficar em casa – em isolamento ou quarentena – a TVI procura informar as pessoas, mas também fazer-lhes companhia e ajudá-las a passar tempo em casa.

Sara Morais dá o exemplo: “Mostra-lhes, de forma didática, soluções de alimentação e exercício físico, alternativas para aquisição dos bens de consumo, etc, adaptadas à realidade que estamos a viver de quase total imobilidade das pessoas”.

Neste contexto, as pessoas vão continuar a ter acesso ao entretenimento e à ficção, que continuarão a ocupar espaço na grelha da estação.

“Queremos, sem dúvida, ser a companhia dos portugueses, nestes tempos que são diferentes e novos em relação a tudo o que alguma vez se poderia pensar viver numa sociedade moderna, e todos os agentes de mercado têm obrigação de contribuir de forma objetiva para o bem-estar possível dos cidadãos”, ressalva a assessora. “Juntos passaremos por isto”, conclui.

briefing@briefing.pt

 

 

Terça-feira, 17 Março 2020 12:43


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