Briefing | O que são cinco anos na vida de um canal de televisão?
Gonçalo Félix da Costa | Cinco anos são cinco anos, (rindo). Num canal como o nosso foram cinco anos de melhorias em termos de imagem, som, formatação dos conteúdos, experimentação, liberdade criativa, muita independência. Foram tempos de stress e questionamento sobre o futuro de um canal com este tipo de posicionamento num país como o nosso, mas que lentamente, eu diria nos últimos dois anos, deram origem a uma conquista de espaço a um canal para os não consumidores habituais de televisão. Um canal com camadas distintas que permite várias leituras. Umas vezes mais bem conseguidas que outras, claro.
Briefing | O Q cresceu nestes cinco anos?
GFC | O Q cresceu em vários sentidos. Ganhou uma equipa fantástica e muito profissional. Que percebe o prazer de trabalhar num universo com as características do canal Q.
Cresceu enormemente na sua notoriedade e na sua relevância como um canal que a sua comunidade gosta de deixar ligado como referência à espera (inutilmente) que surja algo interessante para ver e ouvir (rindo). Fora de brincadeiras, ganhámos espaço no tempo de visualização das pessoas e respeito. Quando as pessoas passam a conhecer o canal percebem que, não sendo um canal para todos, é um canal que é fundamental que exista.
Briefing | O que dizem as audiências?
GFC | As audiências subiram quando, no 3º ano, entrámos para a NOS. Desde então, estão estáveis. Temos que fazer menos campanhas de rádio e mais de outdoors, (rindo, era bom era).
Briefing | Há planos para estar noutros operadores?
GFC | Estamos nos dois operadores mais significativos que, juntos, têm 85% do mercado de pay tv. Queremos e acreditamos que vamos estar em todos os operadores mais dia, menos dia. Existe vontade dos mesmos para que isso aconteça e estamos em permanente negociação. Por exemplo, é impressionante o nº de mails e posts que recebemos de pessoas da Vodafone a perguntarem-nos e a pedirem-nos para estarmos neste operador.
Além disso, estamos ainda nalguns países como França, Angola, Mónaco, Moçambique e Andorra e brevemente iremos comunicar a entrada em mais alguns, se tudo correr bem, (rindo).
Briefing | Como se tem portado o canal na atratividade da publicidade?
GFC | É público que o canal Q não tem muita publicidade. Isto prende-se com a questão de estas receitas no cabo estarem muito focadas no top 10 de canais com mais audiência. E nós não estamos lá. Agora temos uma grande vantagem para as marcas que querem estar no cabo e no digital com conteúdos feitos de raiz para elas que é o facto de termos muita criatividade e produção dentro de casa associadas ao conhecimento das marcas e vontade de trabalhar com as suas agências. Fizemos recentemente um forte projeto de branded content chamado “superadeptos” para a Unicer / Super Bock que foi um ótimo exemplo disso.
Briefing | Assumiu recentemente a liderança do Q. São de esperar mudanças de assinatura ou é uma liderança na continuidade?
GFC | Eu e o Nuno Artur, e o resto da direção, sempre construímos a identidade do canal em conjunto com a totalidade da equipa e, como tal, não prevejo que existam grandes razões para mudar. Talvez possamos vir a acentuar um lado mais ousado e nonsense mas sempre na linha previamente definida para a identidade do canal Q.