Pedro Batalha

Haverá melhor sítio do que Alcântara para uma agência? Talvez, mas a verdade é que estava no radar de Pedro Batalha desde os tempos em que trabalhou na Bates, no edifício que agora é do jornal Público. Porquê? “Tascas apreciáveis, todo o tipo de serviços, muito perto do rio, estacionamento sem EMEL e acesso rápido a um fim-de-semana no Algarve. (Para os que não sabem Alcântara quer dizer A Ponte)”, explica o diretor criativo da KISS.

A agência propriamente dita fica nas antigas instalações da Carris, onde funcionava a contabilidade. Da janela Pedro vê a sala da banda filarmónica, e mais à esquerda – “faz sentido, comenta –, a sala da CGTP. “Se olharmos para o céu vemos ainda ponte 25 de Abril, anteriormente ponte Salazar. Durante o dia, respira-se um propício espírito trabalhista e, de madrugada, sente-se uma brisa de libertinagem com as festas do Village”. Está mais do que explicada a escolha do local.

E a escolha do nome? Também tem uma explicação. Diz o diretor criativo que clientes e agências vivem em mundos algo diferentes: “Os clientes são pessoas mais numéricas, racionais, focados em resultados quantitativos. As equipas criativas mais concentradas nas ideias e nos conceitos, avaliam-se por parâmetros mais qualitativos. É uma área que vive muito do critério e na qual é necessário haver afinidades. Escolhemos KISS porque é um nome, um verbo e a melhor metáfora sobre a vontade de aproximar estas duas realidades: a das ideias e a dos objetivos das marcas. O lugar da criatividade tem de voltar a ser no coração do negócio”.  Para ser um kisser é preciso, primeiro, ter algum talento. Depois, capacidade de trabalho. De repetir, de insistir e de nunca desistir. Finalmente, gostar muito do que faz e conseguir transferir isso para o craft. Porque “isto não é um emprego como os outros. Se não houver paixão e envolvimento, percebe-se a léguas”. É com essa paixão e envolvimento que se alimenta a vontade de “beijar as marcas”: “Queremos beijar ainda mais. Mas até agora podemos dizer que quando beijamos, beijamos com tudo. Não esperem beijos técnicos da nossa parte”.

Tudo isto acontece num espaço que, muito em breve, vai ser ampliado. Mas até lá, ninguém tem salas ficas. Há a sala de reuniões, a sala do cliente (onde os clientes podem trabalhar com a equipa) e o open space. Pedro habita este espaço e uma sala mais silenciosa, onde se refugia para escrever. Mas, depois das obras, terá uma sala “minuciosamente decorada”. “Sim, eu guardo um arquiteto de interiores dentro de mim”. Para já é senhor de uma secretária intencionalmente “desarrumadita”. Onde é “expressamente permitido desenhar, escrever, comer, beber, tocar e, acima de tudo, fazer coisas bonitas”. Porque as secretárias são para ser vividas e não peças de museu ou mock-ups. Nela encontramos “o inevitável cliché”: a fotografia da Laura e do Tomás. Um dos melhores presentes que recebeu até hoje: o emblema de 50 anos de sócio do Sporting oferecido pelos amigos benfiquistas João e Manel. O comando de PS para jogar FIFA. Uma view-master que comprou na feira da Vandoma. Livros, sempre livros: “Desde que trabalho em agências que parte do meu salário vai direitinho para a FNAC (na minha opinião a melhor marca de retalho em Portugal e muito bem trabalhada em termos de comunicação). Uma boa parte das centenas de livros que fui comprando, está aqui”.

Pedro Batalha

 

Chama-se Mofo e é “um golden retriever de porte atlético”. Mas é muito mais do que isso: é um “companheiro de brainstorming” e “um freela regular”. E tem a companhia do Bala, “um espetacular e raro labrador anão”, que a imagem não mostra.

Pedro Batalha

Um tríptico Maradona do grande João Coutinho está entre os objetos que são para guardar na KISS. Explica Pedro que “quem viu Maradona carregar equipas e seleções medíocres às costas, percebe a importância dele e relativiza o Messi”. “Com Iniesta, xavi, Neymar, Henry, Etoo, também eu”.

 

Pedro Batalha

A “bicla” foi um presente da mulher. É nela que Pedro dá umas voltas para desbloquear. E quando não tem tempo para pedalar, olhar para ela é suficiente.

 

O emblema de 50 anos de sócio do Sporting oferecido pelos amigos benfiquistas João e Manel. “Um dos melhores presentes que recebi até hoje”.

 

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Terça-feira, 23 Janeiro 2018 09:58


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