O Pedro não gosta, particularmente, de espaços fechados, mas deixa claro a preferência em preservar a privacidade. Coube-lhe “o privilégio” de organizar o local, ocupado pela agência, com o arquiteto responsável. E, como a nave da antiga fábrica é partilhada com os restantes colaboradores da agência, teve de arranjar uma solução para isolar o som do escritório, para uma reunião mais privada ou para se concentrar. A solução foi uma estrutura em vidro que facilita o contato com a equipa e, ao mesmo tempo, lhe dá a tal privacidade acústica.
Para o diretor criativo, o escritório é a segunda casa e, por isso, tenta que o espaço de trabalho se assemelhe o mais possível com o lar. “Tenho aqui a minha coleção de revistas, de miniaturas dos Cars, tenho muitos ‘brinquedos’, muitas fotografias da família”. E sublinha que entre as coisas que não podem faltar no escritório estão precisamente “brinquedos e fotografias”.
E quanto à secretária? Pedro qualifica-a como “grande e desarrumada q.b.”, isto tendo em conta que a organização da mesma vai sempre depender dos dias e dos projetos que tem em mão. Uma coisa é garantida: com ou sem projetos, não podem faltar folhas de papel A4 e uma esferográfica BIC, “não importa a cor”. Contudo, estes não são os únicos objetos que tem na secretária, onde diz que tudo é permitido. “Neste momento tenho pilhas, uma máscara, garrafas de vinho (não são para beber, são de um projeto), um conta-fios, muitos cartões de visita, um pincel, o Faísca McQueen, várias canetas e as folhas A4 cheias de sarrabiscos”.
Quando questionado sobre o refúgio para os “dias maus”, a resposta não é conclusiva. “Das duas, três: ou não tenho dias maus ou não tenho refúgio ou tenho e não sei”. Além disso, Pedro diz que não é supersticioso e, por isso, não tem nenhum amuleto. Por outro lado, mostra algum apego às coisas, até porque quando muda de instalações leva, nada mais nada menos, que “Tudo!”.
Quando questionado sobre o processo criativo, Pedro Brito explica que o escritório é propicio à criatividade, sobretudo por ser “a segunda casa”. “Estou perto da equipa e tenho a minha privacidade quando preciso de me isolar”. A localização, “uma zona calma e sem trânsito, com um espaço exterior agradável”, também é um fator de inspiração. “Não determinante, mas ajuda”.
A cadeira podia ser uma cadeira qualquer, mas não. Esta foi vendida ao Pedro por um amigo que já faleceu e acompanha-o há mais de 20 anos, mudando-se com ele de escritório em escritório”.
O personagem principal do filme de animação Carros, da Disney/Pixar, é dos objetos que Pedro destaca como emblemático. Grande parte deste destaque parece culpa do filho: “O personagem do filme que o meu primeiro filho mais vezes viu”.
“Foi amor à primeira vista” e contra factos não há argumentos. Surgiu quando Pedro tinha 13 anos: “Vi um miúdo francês com aquele objeto estranho nas mãos. Não descansei enquanto não consegui acabar”. O amor pelo cubo mágico sobreviveu aos anos: “Ainda hoje o acabo em menos de dois minutos”.
Na secretária onde “tudo é permitido” há coisas que não podem faltar. Papel A4 e esferográfica, de qualquer cor, mas BIC.