Saiba porquê, nas linhas que se seguem:
“Portfólios não precisam de leões. Precisam de consistência. Esta foi a conclusão a que cheguei justamente quando ganhei o meu primeiro. Voltando um pouco no tempo: eu com 24 anos, estagiário na Leo Burnett e um portfólio cheio de campanhas do dia a dia. Tinha um trabalho honesto, ‘correto’, mas nada que chamasse grande atenção. Passados alguns meses de estágio, eu e o Pedro Hefs conseguimos aprovar a nossa primeira campanha, para a MTV. Nunca imaginei que a coisa fosse ganhar a dimensão que ganhou. Em junho, veio o leão. E, de seguida, a campanha varreu os festivais todos.
Estranhamente, além de feliz, eu também sentia uma preocupação enorme. Aquele leão era um oásis no meio de um portfólio que era um deserto de ideias. Nada estava ao mesmo nível. E agora eu tinha o peso da expectativa nas costas. Quem olhasse meu portfólio, precisava ver que eu era capaz de mais, que aquilo não era só sorte. E não era sobre ganhar mais prémios, era sobre ter um trabalho nivelado, igualmente criativo em várias disciplinas. Foi assim que num espaço de dois anos renovei todo o meu portfólio. Com a consciência de que a consistência em dez trabalhos falava muito mais sobre mim do que um leão a brilhar sozinho.”