Cozinha atlântica com muita fusão é o que propõe para o seu espaço em Alcântara, projeto a meias com a mulher, a fotógrafa Rita Chantre, que, com ele, partilhou muitas das viagens pelo mundo – as mesmas que justificam a escolha do nome para este restaurante.
André diz que serve o que gosta de comer, com influências do que provou e cozinhou além-fronteiras, numa aventura cuja última paragem foi a Costa Rica. Tailândia, Caraíbas, Bora Bora, Brasil e, primeiro que tudo, França – é deste mix que lhe vem a inspiração.
No ATTLA, serve gastronomia de alta cozinha, com simplicidade e um serviço intimista. O espaço é, também ele, simples e despojado, com decoração de Rita, que recorreu a elementos naturais e algumas peças que trouxe desse mundo.
O respeito pela natureza e pelos produtos vai à mesa. A começar pelo pão de Gleba, acompanhado de duas manteigas inesperadas – de sardinha com pó de funcho e de cabra com pó de beterraba e gengibre.
Revelou-se um ótimo princípio para uma refeição que teria continuidade em dois sabores contrastantes: primeiro ostra do Sado, cebola avinagrada, caldo de urtigas, leite amêndoa e mão de Buddha; e depois conglioni de alheira, chalotas grelhadas, satay de abóbora e crumble de broa. Este, apesar de ser uma entrada, revelou-se um vencedor, pois, diz o chef, muitos clientes pedem como prato principal. Quando está na carta, claro! Por nós, concordamos.
Mas nesta experiência, os nossos principais foram outros. A batata doce roxa ao sal, sabayon de cerveja preta e óleo de wasabina conquistou-nos de imediato, pela combinação de sabores e texturas. Polvo grelhado, batata fumada, cinza de chili, alho francês assado foi o “senhor” que se seguiu e o nosso paladar ficou, novamente, rendido.
E a sobremesa? Nada clássica: um sorbet de yuzu do Cercal, toffee salgado e chili, sablé de alfarroba. Tudo acompanhado por um vinho biológico, porque esta é também a preocupação do chef.
Neste ATTLA, além da sazonalidade, a sustentabilidade é uma preocupação – na verdade, são indissociáveis. E o objetivo é do zero desperdício. Só podia ser assim no restaurante de um casal que já viveu com escassez de água.