As previsões apontam para um lucro da Portugal Telecom, que apresenta resultados quinta-feira (24 de fevereiro), de 5.676 milhões de euros em 2010, valor acima dos 684 milhões atingidos no mesmo período do ano anterior mas justificados pela venda da Vivo, que rendeu à operadora portuguesa 7,5 mil milhões de euros.
As previsões e as contas relativas à PT não apresentam a consolidação do Brasil, devido à venda da Vivo, por não permitir dados comparáveis, refletindo o negócio doméstico e as participadas em África.
Quanto ao EBITDA, os relatórios de ‘research’ de nove casas de investimento consultados pela Lusa apontam para um valor médio de 1.463 milhões de euros em 2010, o que representa uma queda de 6 por cento, face aos 1.557 milhões de euros obtidos no mesmo período de 2009. Se se integrasse a Vivo nos valores do EBITDA, a queda seria de 41,5 por cento face a 2.502 milhões de euros em 2009.
Já as receitas deverão ter crescido uns ligeiros 0,3 por cento, para 3.743 milhões de euros, comparando com os 3.733 milhões de euros alcançados em 2009. Uma vez mais, se se incluisse os valores da Vivo nas receitas, a redução seria de 45 por cento, face aos 6.785 milhões de euros alcançados em 2010.
Os analistas do Bank of America/Merril Lynch lembram que os resultados do quarto trimeste não incluem qualquer contribuição do Brasil, antecipando por isso quedas nas receitas e no EBITDA.
No segmento móvel doméstico, os analistas do Citigroup prevêem uma “deterioração das tendências” e quebra nas receitas, que, segundo os especialistas do Macquarie e do BNP Paribas, será de 10 e 11 por cento respetivamente. O BNP Paribas prevê que o fixo volte a cair (cerca de um por cento).
Contudo, o Citigroup frisa que a PT continua a ganhar quota de mercado no fixo – Pay-TV e banda larga – esperando uma “pequena redução em termos anuais” face à forte queda do último trimestre do ano. “A PT pode ter um mau desempenho nos resultados anuais, mas acreditamos que tem fundamentos sólidos e perspetivas a longo prazo que a tornam atraente para os investidores mais ousados a longo prazo. Mas no curto prazo a perspetiva continua a ser um desafio”, diz o relatório.
Para 2011, a maioria dos analistas prevê que “será complicado” e a conjuntura macroeconómica nacional terá impacto sobre a operadora, apresentando “perspetivas mais cautelosas”, como o Deutsche Bank e o BBVA. “Em 2010, a PT transformou a Vivo em dinheiro, mas em 2011 o mercado doméstico vai sofrer com os desafios macroeconómicos”, diz o Macquarie, corroborado pelo BBVA que acrescenta que a Oi “terá uma contribuição positiva”.
Já o Santander sublinha que a PT “está a fazer um progresso sustentado” com a aquisição da participação na Telemar, antecipando “o maior crescimento da história” entre incumbentes: “Estimamos que a PT vai gerar mil milhões de euros em receitas em 2015, mais do dobro que em 2010”.
Estimativas dos analistas para os resultados da PT em 2010*:
Lucro Receitas EBITDA
Santader 5700,7 3743,0 1467,0
Exane BNPParibas 5629,0 3747,0 1473,0
Deutsche Bank - 3751,0 1488,0
Citigroup 5733,0 3750,0 1413,0
Macquarie 5602,0 3720,0 1417,0
Bank of America/Merril Lynch - 3730,0 1470,0
BBVA 5734,0 3769,0 1485,0
Bernstein - 3740,0 1480,0
Nomura 5657,0 3735,0 1477,0
Média 5676,0 3742,8 1463,3
Variação
2009/2010 729,8%** 0,3% -6,0%
(*Valores estimados em milhões de euros; ** Percentagem inclui venda da Vivo)
2009/2010
JMG
Lusa/Fim