O que significa a aposta na sustentabilidade (e inovação) para as empresas? Sara Fonseca, responsável pela comunicação externa do LIDL, foi a primeira a ter a palavra e assegurou desde logo que para o LIDL a sustentabilidade não tem custo, “é sim um investimento e compromisso da marca”. Apontando algumas medidas já levadas a cabo pela insígnia de retalho – tais como a redução do plástico e certificação de produtos -, Sara Fonseca garante que que a aposta na sustentabilidade, bem como na produção nacional, faz parte da missão da empresa e reflete o envolvimento da mesmo com a comunidade e, sem observado como investimento, não vai ter um custo mais elevado para o consumidor.
Já a Oriflame, explica a diretora de marketing, Marta Silva, a “beleza é importante não só para o físico, mas também na empresa”. Além da utilização de ingredientes naturais e da preocupação com biodegradação dos produtos, o maior investimento está a ser feito na investigação na criação de produtos e em novos métodos de experimentação. “Desde o início que temos esta preocupação”, conta, “o que esta a acontecer agora é uma evolução”. “Os portugueses estão cada vez mais conscientes desta realidade e reconhecem-na”. A diretora garante que, em alguns casos, “há situações de ganho” com este investimento, acrescentando o exemplo da criação de células estaminais vegetais em laboratório, em vez da plantação de grandes áreas de matéria prima, o que reduz custos.
Também a Tabaqueira tem vindo a investir “em novas formas de disponibilizar nicotina”, apresentando o produto IQOS, tabaco aquecido. “Investimos num conjunto de 460 cientistas que procuram reduzir o impacto negativo dos produtos do tabaco”, explica Mário Barreto, corporate affairs manager. Para a Tabaqueira, a sustentabilidade está focada na utilização de recursos naturais, à política de recursos humanos, garantindo as condições mais justas de trabalho, e à cadeia de valor do produto, que inclui os produtores de tabaco que devem ser certificados.
Quanto à saúde, “ninguém pode dizer que não sabe o mal que está associado à combustão e a dependência que esta ligada à nicotina”. Desta forma, e estando conscientes de que a saúde é uma das maiores preocupações, a Tabaqueira vê no IQOS um produto mais sustentável para o consumidor, pela redução de toxicos. Mas acrescenta, que o meio ambiente também é uma preocupação destacando por exemplo que o filtro do Heet (perecível da IQOS) “é decomposto de forma sustentável”.
Para certificar as ações das entidades, existem empresas como a Bureau Veritas. “Prestamos serviços às empresas, uniformizando as normas exigidas para uma empresa sustentável”, explica Patricia Franganito, certification manager do Bureau Veritas. “Normas que devem ser seguidas pelo não só pelas entidades como pelos stakeholders”.
Neste âmbito, através do produto ORIGIN, lançado pelo Bureau Veritas, os clientes poderão, através da leitura de um QR code, visualizar o histórico de todas as etapas pelas quais o produto passou. “Isto é uma tendência e vai criar confiança por parte do consumidor”.
Sem esta funcionalidade da Bureau Veritas disponível, o LIDL garante a qualidade através da certificação dos produtores e fornecedores. “Somos nós que definimos os nossos critérios, que na maioria dos casos passa as normas impostas por exemplo pela UE”, explica a responsável por comunicação externa, garantindo a importância para a marca de que os consumidores estejam informados. Para isto foi elaborado um estudo em que a conclusão foi que os clientes LIDL “podem não saber ao certo o que significa, mas notam e confiam nas certificações”, com destaque para a ambiental, a animal e o desperdício alimentar, que são os três focos da insígnia.
Mas não terá a sustentabilidade um preço para o consumidor? O LIDL garante que não: “O nosso compromisso é que não é por ser, por exemplo, BIO que vai ser mais caro, queremos quebrar essa ideia”. “Queremos sempre estar um passo à frente das normas impostas”, diz, salvaguardando que ainda existe “um caminho a percorrer”. Como é o caso dos folhetos, que, apesar de serem de papel certificado leva a responsável a dizer: “Ainda não somos perfeitos”.
Do ponto de vista da Oriflame, sendo esta uma marca de venda por catálogo, a diretora de marketing, Marta Silva, diz que 99% do papel usado é certificado (FSC/FCC), bem como a lista de ingredientes incluída nos produtos. “É um caminho, também as nossas gamas ainda não são todas biodegradáveis, é o próximo passo”
Por sua vez, a IQOS explica que o facto de este produto estar associado ao tabaco de combustão, impossibilita a comunicação do produto, “ainda que seja uma evolução neste âmbito e também na saúde, porque esta se a tentar acabar com a combustão”, como explica Mário Barreto. “O que levou este produto a ser reconhecido foi de facto a utilização dos consumidores e a perceção dos benefícios”.
A certification manager do Bureau Veritas, Patricia Franganito, foi a última a participar no debate pedindo a palavra para salvaguardar o empenho das empresas neste âmbito e adiantando que o próximo passo será o “branding de produto sustentável”, incluindo a sustentabilidade nos os valores que se querem projetar através da comunicação de um produto ou marca.