Briefing | Que balanço faz dos 19 anos de televisão privada em Portugal?
Eduardo Cintra Torres | Mais é melhor que menos. O balanço é positivo. As audiências têm mais escolha. A RTP foi obrigada a sair da sede do Conselho de Ministros e a vir cá para fora ver um país e um povo. Há mais alternativas de informação e de programas, em geral de entretenimento de mastigar e deitar fora. Alguns dos melhores programas e momentos televisivos destes 19 anos aconteceram nas privadas.
O que podia ser melhor?
Tudo. A televisão privada, por estar submetida à lógica comercial, tem receio de tentar novidades à séria. Os canais privados, actualmente, com a crise e com a subida do cabo, parecem velhinhas com medo de sair à rua por causa dos assaltos. A esmagadora maioria do entretenimento são formatos vindos de países estrangeiros. Copiam-se mutuamente. A informação é muitas vezes superficial. A crise leva os canais a cederem a sua própria autonomia e a transformarem diversos programas em tempo de publicidade mascarado de entretenimento.
Por onde passa o futuro da televisão privada?
Os canais privados não sabem qual será o futuro. Como posso eu saber? Parece-me que estão a mugir a vaca à pressa sem cuidar de saber se ela sobrevive, quando o modelo generalista precisa de ser repensado em vez de mugido até à exaustão… e aos últimos espectadores.
Há espaço para mais televisões privadas em sinal aberto?
Não sei. Mas não vejo porque não. A competição pode abrir espaço a novos modelos de TV em aberto, a mais imaginação e mais afinação dos conteúdos com públicos-alvo, como fazem outros media.
Fonte: Briefing