Universidade de Aveiro desenvolve “rádio do futuro” imitando ouvido humano

Aveiro, 28 nov (Lusa) – Investigadores da Universidade de Aveiro
estão a desenvolver o “rádio do futuro”, recriando o funcionamento do
ouvido humano no que virá a ser um aparelho de bolso que capta,
simultaneamente, frequências de rádio, televisão, internet, telemóvel e
‘walkie-talkies’.


Por enquanto, o protótipo da Universidade de
Aveiro ainda tem o tamanho de uma folha A4, mas a investigação já foi
distinguida com o Prémio PLUG 2010, atribuído pela Associação dos
Operadores de Telecomunicações às grandes inovações do setor.

Nuno
Borges Carvalho está a coordenar o projeto e explica que para esse
reconhecimento contribuiu o facto de a equipa da Universidade de Aveiro
ser a primeira que recorre a uma “analogia com a cóclea humana para
garantir a diversidade de frequências” no mesmo equipamento.

“A
ideia deste ‘rádio inteligente’ surgiu em 2000 e pertence a um
investigador sueco”, revela Borges Carvalho. “Neste momento há uma série
de universidades a desenvolverem projetos de implementação dessa ideia,
mas nós somos os primeiros a usar uma analogia com a cóclea para tentar
criar um ouvido digital para rádio”.

Na prática, isso significa
que o novo aparelho poderá captar ondas eletromagnéticas de diferentes
frequências – uma para televisão, outra para rádio FM e assim
sucessivamente – da mesma forma que a cóclea se adapta a uma vasta gama
de sons – uns em escalas mais agudas ou mais graves do que os outros.

Assegurar
esse espectro alargado de frequências num só transceptor dependerá de
“um único sistema integrado”, com programas de ‘software’ adequados a
cada uma das funções disponíveis.

A principal dificuldade que se
vem colocando aos investigadores da Universidade de Aveiro é conseguir
um equilíbrio entre essas funcionalidades. “O nosso problema é que
temos, ao mesmo tempo, frequências muito pequenas e frequências muito
grandes”, observa Nuno Borges Carvalho. “O telefone, por exemplo, está
com potências baixas, enquanto os pontos de acesso wi-fi nos dão
potências muito altas”.

O coordenador da investigação acredita,
no entanto, que “isso há-de resolver-se”, de forma a que a tecnologia
agora em estudo seja capaz de “separar as frequências e transformá-las
em sinais digitais”, garantindo assim que os novos aparelhos possam
chegar ao mercado dentro de cinco a 10 anos.

Para Borges
Carvalho, isso traduzir-se-á “numa redução significativa de custos e em
ganhos de eficiência”, porque “hoje os operadores reservam um conjunto
de frequências que muitas vezes não usam, tal como se, num restaurante,
um conjunto de lugares estivesse permanentemente reservado para clientes
que raramente aparecem”.

O projeto “Rádios Cognitivos” tem por
base a investigação “Transceptores Adaptáveis para Comunicações
Cognitivas Sem-fios”, antes aprovada pela Fundação para a Ciência e
Tecnologia. O trabalho é liderado por Nuno Borges Carvalho, mas, além de
três alunos de Doutoramento, envolve também José Neto Vieira,
especialista em processamento de sinal para áudio, e Arnaldo Oliveira,
perito em ‘hardware’ reconfigurável. Todos esses elementos são docentes
da Universidade de Aveiro.

*** Este texto foi escrito ao abrigo do
novo Acordo Ortográfico ***

  Lusa/Fim

Segunda-feira, 29 Novembro 2010 12:39


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