“Dogtooth”, de Yorgos Lanthimos, eleito o melhor do Estoril Film Festival

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David Byrne, que integrou o júri da competição oficial, admitiu ter sido difícil escolher um vencedor, embora tivesse havido unanimidade em torno de “Dogtooth”.

Lisboa, 13 Nov (Lusa) – A longa-metragem “Dogtooth”, do realizador grego Yorgos Lanthimos, venceu o prémio de melhor filme do terceiro Estoril Film Festival, foi hoje anunciado.

David Byrne, que integrou o júri da competição oficial, admitiu ter sido difícil escolher um vencedor, embora tivesse havido unanimidade em torno de “Dogtooth”.

“Foi uma experiência óptima ver os filmes, foi difícil escolher apenas alguns. Algumas imagens, cenas, diálogos destes filmes vão ficar na nossa memória para sempre e recomendamos alguns deles, não apenas os que venceram.”, disse David Byrne na conferência de imprensa de anúncio dos vencedores.

Sobre o vencedor, Byrne alertou ser um filme difícil.

“Alguns de nós adorámos o filme. Fui à internet fazer umas pesquisas e vi que num festival na Nova Zelândia as pessoas detestaram. Não aconselho a todos a verem o filme. Não é para todos, especialmente não é para crianças”, sublinhou o músico.

“Dogtooth”, segunda longa-metragem de Yorgos Lanthimos, centra-se numa bizarra e perturbadora família que educa os três filhos adolescentes completamente enclausurados em casa, sem qualquer noção do que se passa no exterior.

A única ligação com o mundo é Christina, segurança na empresa do patriarca, e que irá desestabilizar o ambiente, aparentemente, natural desta família.

Para o realizador, “Dogtooth” é um filme sobre a família, sobre a educação, sobre os valores que pais podem transmitir para filhos, sobre a forma como aqueles podem moldar o pensamento destes.

“É sobre como as crianças crescem, como é que são as famílias gregas e como elas têm tendência a manter os filhos em casa, muito dependentes dos pais”, escreveu o realizador na nota de intenções.

Yorgos Lanthimos, de 36 anos e que não poderá estar hoje no Estoril a receber o prémio, já tinha conquistado em Maio o prémio de melhor filme da secção “Um certo olhar” do Festival de Cinema de Cannes, em França, e outros cinco galardões em eventos internacionais.

A este junta-se agora o prémio máximo do Estoril Film Festival, no valor de 20.000 euros.

O júri foi composto pelos músicos David Byrne e Alexandre Desplat, pela fotógrafa Cindy Sherman e pelo coreógrafo Rui Horta.

Nesta edição, o Prémio Especial do Júri foi ex-eaquo para “Eastern Plays”, do búlgaro Kamen Kalev, e “The Girl”, do sueco Fredrik Edfeldt.

Rui Horta elogiou “The Girl” como “um filme muito equilibrado, com uma linguagem muito pessoal, com uma tensão que se mantém ao longo de toda a história”, tendo-lhe sido atribuído ainda uma menção honrosa no Prémio Cineuropa.

O prémio especial do júri foi rebaptizado de Prémio Bénard da Costa, em honra ao antigo director da Cinemateca, falecido este ano.

Paulo Branco, director do Estoril Film Festival, justificou a alteração do nome do prémio dada a importância que João Bénard da Costa teve no cinema português e, no seu caso pessoal, no seu trabalho como produtor.

Os romenos Melissa de Raaf e Razvan Radulescu venceram o prémio Cineuropa com “First of all, Felícia”.

O Prémio Meo, atribuído à melhor curta-metragem realizada por estudantes de escolas de cinema, foi para “52 Procent”, de Rafal Skalski, da Escola de Cinema, Televisão e Teatro de Lodz, na Polónia.

Uma menção honrosa nesta categoria para “Deixar cair a noite”, do português Jorge Jácome, da Escola Superior de Teatro e Cinema.

Apesar da entrega dos prémios acontecer hoje à noite numa gala no Casino Estoril, a terceira edição do Estoril Film Festival só termina no sábado com a exibição dos filmes premiados e com a antestreia de “Um profeta”, com a presença do realizador Jacques Audiard.

SS.

Lusa/fim

Sexta-feira, 13 Novembro 2009 23:04


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