As conclusões são do estudo da AC Nielsen “Marcas próprias – O que diz e faz o consumidor”, apresentado pelo managing director da consultora, António Almeida, no dia APED na Alimentaria & Horexpo, que hoje decorre na FIL em Lisboa, com o tema “A Distribuição no século XXI”.
Segundo este relatório, que dá a conhecer números relativos ao impacto económico, vendas e categorias que recolhem a preferência dos consumidores, 80% considera que as marcas próprias, ou de distribuição, são iguais às marcas de fabricantes e, nos preços em particular, melhores (60%) ou muito melhores (15%). A grande maioria (81%) admite que compara preços das marcas de distribuição (MdD) com as marcas de fabricante para decidir a compra e revela igual confiança (83%). Mesmo comparando com as marcas líderes, 68% dos consumidores diz que as MdD são semelhantes em qualidade.
O preço justo parece, aliás, ser um dos factores que mais pesam na opção pelas MdD, nomeadamente porque 63% dos consumidores acreditam que estas têm uma muito boa relação qualidade-preço em Portugal. Uma percepção superior à média mundial, que é de 40%.
E quem adquire produtos revela elevado grau de satisfação: 87% dos consumidores estão satisfeitos ou muito satisfeitos e apenas 3% diz já ter tido algum tipo de problema ou ter feito uma reclamação. Na opção por detergentes da marca de fabricante, por exemplo, é o hábito (75%) e não a confiança (11%) que mais determina a compra.
Consumidores pessimistas e mais poupados
A procura de preços competitivos é objectivo assumido. Entre os consumidores, 79% admite alterar hábitos de compra para poupar nas despesas e 69% optar pelas marcas mais baratas. Ainda assim, mais de metade discordam que as MdD sejam para pessoas com pouco dinheiro (59%) ou que se sintam melhor a comprar marcas de fabricantes para a família (55%).
Nos bens de consumo, os preços baixaram em Portugal 0,6% em relação a 2009 e o volume de vendas aumentou, com um crescimento nominal de 1,9%. As grandes responsáveis pela redução dos preços médios têm sido as MdD, que registaram uma variação anual das vendas em valor de mais 6,2%, fazendo crescer o mercado de bens de grande consumo. Há dois anos consecutivos que as marcas de fabricante têm vindo a perder vendas.
No quadro da conjuntura económica difícil do País, os consumidores portugueses são dos mais pessimistas no mundo, com um índice de confiança de 45, valor porém superior ao registado em 2009. Noventa por cento acha que estamos em recessão e 74% que ainda estaremos em final de 2011.
Distribuição moderna em debate
No seminário desta manhã foi discutido o tema as “Marcas da Distribuição – Uma Aposta Ganha”. Além de António Almeida, da Nielsen, intervêm Ana Isabel Trigo Morais, directora-geral da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição – APED; Reinder Van Dijk, managing consultant da Oxera Consulting, sobre “The Economic Benefits of Retailer own brands”; a perspectiva da Deco é apresentada pelo secretário-geral, Jorge Morgado; Raquel Silva, gestora de produto da SGS ICS aborda “A certificação aplicada ao sistema de gestão da marca própria na distribuição”; Xavier Durieu, CEO da Eucommerce, a perspectiva europeia das marcas próprias. O presidente da APED, Luís Reis, faz as conclusões da sessão da manhã.
Já a parte da tarde ficou reservada para a relação entre a distribuição e a produção como alavanca da economia regional, com a participação de Aníbal Marques, director de Produtos Frescos da Auchan, para falar sobre a fileira do pescado fresco; do administrador da Carnalentejana, Luís Rosado; Eunice Silva, presidente do Clube de Produtores Sonae; Domingos Santos, presidente da Direcção da Federação Nacional das Organizações de Produtores de Frutas; Pedro Coelho, director de Sourcing Perecíveis da Jerónimo Martins; e Manuel Tarré, membro da Fileira do Pescado. Nuno Abrantes, vice-presidente da APED, apresenta as conclusões deste seminário.
Fonte: LPM