Desde os primórdios da imprensa, e com o engenho e arte de Gutenberg – que permitiu o surgimento dos livros impressos e, com isso, a eternização de pensamentos, reflexões e tendências – que a mente humana sempre se desafiou para superar e ultrapassar barreiras e desafios impostos pelo crescimento da sociedade.
Desde esse longínquo tempo, os meios de comunicação social tornaram-se fonte indispensável de partilha de informação de forma massiva, acelerando o conhecimento comum e contribuindo para moldar novas formas de relacionamento social. O Marketing e a Comunicação, ainda que não fossem disciplinas estruturadas como hoje, aproveitaram estas ferramentas para darem os seus primeiros passos e, com engenho, criatividade e oportunidade, tiraram proveito de uma nova forma de passar informação que, rapidamente, se mostrou assertiva e indispensável para qualquer negócio.
Hoje, olhamos para a multiplicação de formatos de comunicação à disposição dos profissionais de Marketing e Comunicação e, facilmente concluímos que, seja em imprensa, televisão, rádio ou na multiplicidade de possibilidades na área digital, as opções desafiam ainda mais a criatividade e apelam a uma capacidade analítica altamente estruturada que condiciona opções que permitem eleger os melhores formatos para os desafios que se colocam a cada momento.
Tal como neste breve enquadramento histórico, a minha experiência enquanto profissional desta área não é diferente. Cada vez mais é premente uma constante reinvenção de todos os que diariamente contribuem para que as marcas encontrem o seu espaço de comunicação e sejam eficazes nos formatos eleitos. Os novos contextos, as novas exigências dos consumidores e, principalmente, a contínua evolução de novas formas de comunicar, são fatores que exigem enorme ponderação, análise e esforço colaborativo multidisciplinar.
Nesse sentido, não é possível hoje desenvolver eficazmente uma campanha sem o alinhamento estruturado de todos os stakeholders que orbitam na esfera dos profissionais de Marketing e Comunicação. Agências criativas, agências de meios, agências de comunicação e assessoria de imprensa são chamadas a intervir numa perspetiva de longo prazo para o desenvolvimento estratégico de um plano abrangente de promoção e divulgação. Nunca como agora a lógica do sozinho vou mais rápido, mas juntos vamos (muito) mais longe, foi tão presente e acertada.
Chegados aqui, o que a experiência me diz é que o conhecimento e as várias definições geracionais que estão em constante mudança são coincidentes numa certeza, a de que passámos do transacional para o emocional e, com isso, para uma necessidade cada vez maior para que o conteúdo se sobreponha à forma. A consistência da criatividade e a relevância do conteúdo e a sua capacidade de gerar emoções e sentimentos, são ativos cada vez mais valorizados e que obrigam as marcas a encontrar o seu tom certo, na hora certa com a mensagem certa.
Sendo certo que muito evoluímos desde os tempos de Gutenberg, o que sobressai da nossa história recente e do esforço que tem sido feito, a nível académico e profissional, é que Portugal está muito bem servido de profissionais na área do Marketing e da Comunicação. E, sendo isto uma certeza, o desafio fica ainda maior. Num setor com cada vez mais e melhores profissionais, como é que eu vou fazer sobressair a minha marca? E este desafio, gera uma oportunidade subjacente. O surgimento de novas ferramentas de Inteligência Artificial que muito podem contribuir para acelerar inputs nunca serão suficientes para gerar os outputs ajustados aos momentos emocionais que as marcas atravessam em determinado momento. A ética na utilização da evolução tecnológica ainda tem um caminho longo a percorrer e cabe aos profissionais desta área encontrarem o rumo certo, monitorizando avanços, integrando-os, nunca perdendo de vista que hoje tudo se mede, e a eficácia é um somatório de medições que encontram equilíbrio na assertividade com o que se comunica e atinge o público-alvo de cada momento.
Sebastião da Cunha, Head of Marketing do Minipreço

