O Natal é sempre uma época áurea do mundo publicitário. É o briefing que deixa a agência em reboliço, os criativos de canetas afiadas e os producers com a mão na cabeça, já a pensar nas viagens de ida e volta para a Lapónia (desculpem malta).
Felizmente esta época do ano é assim para todos nós, independentemente do cliente, da área de atuação ou do tamanho do budget.
Que atire a primeira rabanada quem nunca ouviu: “Este é o melhor briefing da agência. Mas não se esqueçam que já foi feita muita coisa boa.”
Comigo não foi diferente e, assim que ouvi essas palavras, rapidamente surgiu um anúncio na minha cabeça: o da lotaria espanhola de 2016, chamado “21 Deciembre”.
É um daqueles anúncios que deixa qualquer pessoa com a chamada inveja boa, seja ela publicitária ou não. Afinal, quem consegue ficar indiferente à história de uma vila inteira que decide viver uma mentira para não destruir o sonho de uma senhora de idade? Só mesmo o Grinch.
Lamechices à parte, se formos olhar para este anúncio com o olhar de Hernani Carvalho da Publicidade, facilmente detetamos vários ingredientes da época natalícia: um insight humano, de fácil acesso e super relatable; uma pequena tensão familiar no início, que nos faz pensar em todas as vezes que não atendemos o telefone à nossa avó; o efeito de propagação, que vai desde a vizinha do 3.º esquerdo até à falsa CMTV; um bom casting, que nos faz passear do sorriso à tristeza a cada 30 segundos; uma boa trilha sonora, que funciona quase como o batimento cardíaco da trama; e, claro, um plot twist final que nos dá a volta ao estômago.
A grande diferença é que esta campanha tem todas essas coisas num nível altíssimo — e muito mais. Especialmente, o título da campanha que mais me fez desacreditar de todas as ideias para filmes de Natal que já tive.
Enfim.
Obrigado, Leo Burnett Madrid.
Obrigado, Caviar Films.
Obrigado, Juan García-Escudero.
Obrigado, Jesús Lada.
Obrigado, Ignacio Soria.
Obrigado, Arturo Benlloch.
Obrigado, Santiago Zannou.
Depois eu mando a conta das noites mal-dormidas.
Rúben Barros, supervisor criativo da Judas