A APPM refletiu a transformação do Marketing

A APPM – Associação Portuguesa dos Profissionais do Marketing organizou esta quinta-feira, 23 de janeiro, o Congresso Nacional de Marketing 2025. Sob o mote “T de Transformação”, foram vários os profissionais que exploraram algumas das mudanças que o setor está a passar, como a ascensão da inteligência artificial. O evento, que decorreu em Lisboa, seguiu-se ao realizado no dia anterior, no Porto.

A APPM refletiu a transformação do Marketing

O Auditório EDP foi o palco desta conferência, em que foram debatidos temas como a transformação dos dados em experiências memoráveis, a transformação digital, a inovação e cultura organizacional, o futuro das estratégias de marketing, e o impacto da sustentabilidade e responsabilidade social. A receção do público ficou a cargo do presidente da APPM, Carlos Sá, que apresentou a Agenda de Marketing para 2025.

A primeira apresentação do dia ficou a cargo da CRM Consultant na Deployteq Carijn Meijer e do diretor de Serviços ao Cliente, Joris de Bruijne, que defenderam a ideia de que as empresas não devem estar focadas no que se quer alcançar, sendo necessário ter noção das marcas com quem se trabalha antes de se definir o que se pode fazer. Nas suas perspetivas, deve-se começar por aquilo que se considera mais eficaz, seja de grande escala ou não. Relativamente aos passos que as insígnias devem dar para conhecerem os seus clientes, os dois profissionais consideram que é importante utilizar as informações recolhidas previamente sobre as pessoas, sendo essa “a chave para o sucesso”.

Seguiu-se o Country Managing Partner e presidente da Auren Consultores Portugal, Manuel Lopes da Costa, que apresentou a sua visão de que “estamos na era da Inteligência Artificial (IA)”. Apesar do receio de algumas pessoas, o empreendedor acredita que as máquinas “ajudam as pessoas a trabalhar e não as substitui”. Já no que diz respeito aos trabalhos rotineiros, julga que este deve ser substituído pela tecnologia, fazendo com que as pessoas possam colocar o seu “lado humano” noutras tarefas.

O CEO do Grupo DREAMMEDIA, Ricardo Bastos, foi o orador seguinte e teve como tema da sua apresentação a cultura organizacional que, na sua opinião, “é o motor que move uma organização para o sucesso”. Segundo o presidente do Conselho de Administração, quando um líder não está focado neste assunto torna-se mais difícil que a sua empresa seja bem-sucedida e, por isso, deve ser algo a que se deve dar atenção porque é o que distingue as organizações. A fusão com a Cemark e a preocupação que houve em integrar os colaboradores numa nova dinâmica foram referidas para ilustrar a sua tese, tendo sido um processo em seis fases para perceber como é que os trabalhadores desempenhavam as suas funções de forma a ser possível integrar novos métodos e integrar estas pessoas às práticas já existentes.

A esta apresentação seguiu-se a da diretora de Marca da EDP, Catarina Barradas, que declarou que a sociedade se encontra na “era da dopamina”, estando os consumidores expostos a cada vez mais estímulos, “o que cria a sensação de satisfação e recompensa imediata”. Posteriormente, apresentou a conclusão de uma investigação que diz que 100 palavras geradas por IA correspondem ao consumo de 14 lâmpadas LED durante uma hora.

O público presente fez ainda uma viagem pelo setor do Marketing ao longo das décadas pela mão de José Borralho. O presidente do Conselho de Administração do Grupo ONE BCAM FIVE SGPS SA deu a conhecer a sua evolução, passando a haver progressivamente mais personalização, relações emocionais e a passagem para uma escala global devido à ascensão da internet. O responsável apresentou os resultados de um estudo desenvolvido pela sua organização, revelando que a maioria dos clientes esperam que as marcas do futuro sejam mais acessíveis, ofereçam alta qualidade, e invistam em sustentabilidade e responsabilidade social. Os mesmos inquiridos deixaram alguns conselhos para as insígnias se adaptarem às mudanças da sociedade, como ouvir os clientes, oferecer preços competitivos e priorizar a sustentabilidade. Em conclusão, o profissional afirmou que construir uma relação “significativa e duradoura” com os consumidores significa antecipar necessidades e conectar-se emocionalmente, e que deve ser dinâmica, transformando os clientes em “verdadeiros embaixadores”. O orador terminou a sua participação com a partilha da ideia de que “o futuro das estratégias de marketing não está focado no negócio que uma empresa é ou possui, mas no negócio que deseja ser ou construir”.

No debate que se seguiu, João Filipe Torneiro iniciou o seu discurso a apresentar a sua ideia de que “os clientes têm um poder que nunca tiveram”, tendo dado o exemplo das redes sociais onde as pessoas partilham as suas opiniões instantaneamente com os seus seguidores. Baseando-se na sua experiência, o consultor referiu que um dos principais problemas das marcas é que não respondem totalmente às necessidades das pessoas porque as ouvem, mas não as compreendem. De acordo com a sua análise, deve haver um balanceamento entre a tecnologia e o toque humano, criando aquilo a que chama “inteligência autêntica”, o que faz com que as ferramentas possam potencializar as capacidades das pessoas.

O fecho do evento ficou a cargo do Senior Marketing Manager da Sony Pictures Entertainment, Marta Trigoso, reforçou a ideia do colega de painel, afirmando que se os projetos não tiverem um toque humano, a personalidade e as relações emocionais vão ser mais difíceis de desenvolver, o que torna mais difícil de atingir os objetivos estabelecidos.

Simão Raposo

Sexta-feira, 24 Janeiro 2025 10:05


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