Foi estudar design para as Caldas da Rainha e mudou-se, posteriormente, para Lisboa, onde se especializou em animação 3D e onde trabalhou durante três anos na área. Durante esse período, o gosto por vinho foi crescendo e, entre visitas a produtores amigos do pai, viagens a feiras fora de Portugal, contacto com importadores, garrafeiras, restaurantes, sempre “a provar e a aprender”, Gustavo Roseira apaixonou-se por este universo.
De tal forma que regressou às Covas do Douro, com o sonho de fundar um estúdio que lhe permitisse unir as suas duas grandes paixões: o design e os vinhos. Nauvegar foi a concretização dessa ambição.
Começou este caminho sozinho, “do zero”, a apalpar terreno, sem ter a mais pequena ideia de como fazer um rótulo ou um packaging. “Tive de mergulhar de cabeça, os primeiros clientes surgiram, o boca a boca funcionou e o trabalho começou a florescer. Se, por um lado, tinha falta de experiência em impressão, por outro, o conhecimento de 3D permitia-me simular perfeitamente como os rótulos deveriam ser, desde a textura do papel, ao cortante, aos relevos, e conseguia apresentar maquetes super realistas aos clientes antes de avançarmos para a produção”, recorda.
No entretanto, dá-se um momento importante na história deste estúdio: a chegada de um novo membro, Tiago Fialho, que o fundador descreve como o seu “braço direito e esquerdo”.
E Nauvegar, de onde surgiu? O também diretor criativo conta que, no início, pensou no nome NAV, uma vez que, antigamente, a letra “V” se lia “U”, e assim teria uma dupla conotação: nau, embarcação do passado associada à era dos descobrimentos, e, simultaneamente, nave, veículo espacial virado para descobertas futuristas.
No fundo, o objetivo era traduzir a metáfora daquilo que é o trabalho de um designer, isto é, brincar entre o passado e o futuro, usando ferramentas e conceitos que têm séculos para desenhar algo novo. Esse nome acabou por não ser o derradeiro, uma vez que, na fase do registo, percebeu que havia uma empresa assim batizada. Daí surgiu a ideia de forjar uma nova palavra, um verbo, neste caso, capaz de traduzir esse processo criativo: Nauvegar.
O que não mudou foi o foco em comunicação de marcas de vinho: aqui, o estúdio acompanha um pouco de todo o processo, desde o branding aos rótulos, passando pelo packaging, vídeo e fotografia e, ainda, pelo marketing e pelos eventos.
Há, ainda, uma outra característica que distingue o trabalho do Nauvegar: a equipa assume-se como entusiasta do design feito à mão, sejam letterings, ilustrações, relevos ou texturas, e acredita que isso se reflete nos seus projetos. “Em alguns, de forma mais evidente, noutros mais discreta, apenas percetível nos pequenos detalhes. Adoramos a magia nostálgica de combinar o velho e o novo mundo, o lado humano que a perfeita imperfeição pode trazer, o contraste com o mundo pixel perfect em que vivemos!”, declara.
Este projeto nasceu da vontade de transformar o trabalho quotidiano e rotineiro em algo mais significativo, que fizesse Gustavo Roseira sentir-se realizado. “Podermos ser felizes a trabalhar enquanto fazemos clientes felizes é algo que não tem preço, sempre foi o objetivo maior e vai continuar a ser”, partilha.
Catarina Farinha