Creators Economy. A nova era chegou

Todos sabemos, ou devíamos saber, que os influenciadores têm impacto na comunicação das marcas. Os tempos e a forma de comunicar mudaram, a atenção está cada vez mais dispersa e a audiência digital, que, na sua maioria, diverge entre millennials, gerações Z ou Y, tem um nível cada vez maior de informação.

Essa realidade “obriga” a que a publicidade, ou comunicação das marcas, seja assente num momento de quase diversão, de aprendizagem e pouco ou nada intrusivo e comercial. “Don’t push advertising, make people fun” é o “statement” e devemos encará-lo com a maior naturalidade. A era do “Be the Entertainment, Not the Interruption” chegou, e as marcas têm uma oportunidade fabulosa para se adaptar ou desaparecer…

Dados indicam-nos que, atualmente, existem cerca de 50 milhões de criadores de conteúdo, dos quais apenas dois milhões se consideram profissionais. Estes perfis gravitam, maioritariamente, para plataformas como YouTube, Instagram e TikTok, que, apesar de serem ótimas para gerar audiência, a sua rentabilidade depende maioritariamente de parcerias com marcas.

Onde está o valor? Será no conteúdo? Na audiência? É inegável que um bom conteúdo fideliza audiência, e é nessa audiência que reside um potencial gigante para criar uma dinâmica de monetização das suas ações ou conteúdos. De facto, torna-se importantíssimo olhar para a estratégia de uma determinada plataforma, identificar onde está a minha audiência e segui-la. Mas isto acontece na realidade? Nem por isso. Muitas vezes, por falta de conhecimento, ou muitas vezes coragem, vemos marcas a comunicar da mesma forma e nas mesmas plataformas, tal como o faziam há cinco anos. A comunicação deve estar assente em audiência e não em plataformas ou movimentos “ovelha”.

Sejamos sinceros, quantos de nós não somos do tempo em que “apenas” tínhamos do Hi5 ou mIRC? E, entretanto, chega o colosso – o Facebook e tudo muda. Entretanto, já dispomos do Facebook, Instagram, TikTok, Twitch, YouTube, Twitter, Pinterest e mais umas quantas que, a qualquer momento, darão um salto.

As marcas que perceberem que devem trabalhar as suas estratégias sobre a audiência (e onde as mesmas coabitam) serão as marcas que mais terão impacto e consideração junto das audiências que são hoje, e no futuro, os decisores de compra.

Voltemos ao nosso tema central – Creators Economy – que envolve uma série de metodologias, formatos e plataformas que permitem aos criadores de conteúdo monetizar o seu conteúdo.  Não estamos a falar de colaborações com marcas, porque esse é um modelo que já existe e é de onde advém o maior “income”, mas hoje os criadores de conteúdo não dependem apenas do valor que as marcas lhes atribuem (ou que, de alguma forma, eles atribuem a si próprios). Hoje em dia, existem agências, consultoras e plataformas que ajudam os criadores de conteúdos e influenciadores a monetizar a sua audiência com a criação, por exemplo, de negócios próprios, sejam eles digitais, ou não.

Audiência não significa planos de negócio perfeitos, é verdade. Porém, com um bom acompanhamento percebemos que são inúmeros os casos a nível internacional, e nacional, que conseguem ter êxito na sua jornada como empreendedores, e diversificar os seus ganhos.

As marcas podem e devem acompanhar esta tendência, pois as possibilidades de colaboração são infinitas. A cocriação faz, cada vez mais, sentido e a força das marcas pode ajudar estes novos empreendedores a criarem um “flow” de negócio relevante e interessante para ambos. Por outro lado, nesta nova era, também é o momento de as marcas se tornarem, elas próprias, em creators, promovendo uma estratégia de comunicação assente em content marketing e menos em produto, serviço ou marca. Efetivamente, estamos na era do “Be the Entertainment, Not the Interruption”.

 

Bruno Salomão, head of strategy & business da SocialPubli, em Portugal, França, Reino Unido, Itália e Estados Unidos

briefing@briefing.pt

 

Segunda-feira, 12 Setembro 2022 10:06


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