Briefing | O setor tem passado por transformações profundas. Como é que a Publicis se tem reinventado para acompanhar essas mudanças?

Alexandra Varassin | No Publicis Groupe Portugal, acreditamos que a transformação é uma constante – não uma exceção. E essa transformação no setor não é apenas tecnológica: é também cultural, estrutural e estratégica. Para nós, essa transformação é essencial para podermos apoiar a evolução dos negócios dos nossos clientes.

Temos respondido a esta mudança com uma aposta clara no nosso modelo operativo, centrado no Power of One. Este modelo permite-nos integrar todas as nossas competências – criatividade, media, dados, tecnologia e produção – numa única plataforma colaborativa, orientada para oferecer soluções 360º.

A nossa reinvenção passa por eliminar silos, promover equipas multidisciplinares e acelerar a tomada de decisão. Apostamos na estratégia como motor da criatividade, com uma abordagem que valoriza a inteligência de mercado, o conhecimento profundo do consumidor e a capacidade de antecipar tendências.

O grupo está também a investir fortemente em tecnologia e IA, sendo pioneiro na utilização de ferramentas avançadas de data que reforçam esta transformação.

A chegada da IA trouxe novas ferramentas e novos desafios. Como é que a estão a integrar no vosso trabalho, e que impacto sentem que tem nos processos criativos e estratégicos?

A IA é hoje uma aliada estratégica em todas as fases do nosso trabalho. No Publicis Groupe, estamos a fazer uma aposta clara na tecnologia e em ferramentas que integram IA de forma transversal, desde a análise de dados e o planeamento estratégico até à produção criativa e à otimização de campanhas em tempo real.

Os dados são outra das grandes alavancas desta transformação. Ferramentas como o Publicis Connected Identity permitem-nos trabalhar com uma precisão sem precedentes, cruzando dados comportamentais, contextuais e transacionais para desenhar experiências personalizadas e verdadeiramente relevantes.

No plano criativo, a IA não substitui o talento humano. Potencia-o. Ajuda-nos a explorar novos territórios visuais, testar narrativas e acelerar processos de produção. 

O impacto é claro. Ganhámos em eficiência, profundidade analítica e capacidade de escalar ideias com relevância cultural. Mas também estamos conscientes dos desafios éticos e criativos que a IA levanta, e, por isso, mantemos uma abordagem responsável, com curadoria humana em todas as decisões críticas.

Na vossa opinião, a IA é um aliado ou uma ameaça para a criatividade humana?

A IA é, acima de tudo, uma ferramenta, um amplificador da criatividade e não uma ameaça. Acreditamos que a criatividade humana é insubstituível, é ela que dá sentido, emoção e contexto às ideias. A IA pode gerar variações, sugerir caminhos, acelerar processos, mas não pode replicar a intuição, a empatia ou a visão cultural que os nossos talentos trazem para cada projeto.

No Publicis Groupe, usamos IA para ser mais eficientes, automatizando tarefas repetitivas e oferecendo insights que enriquecem o processo criativo. Mas mantemos uma posição clara: a tecnologia está ao serviço das pessoas, e não o contrário. A criatividade continua a ser o nosso maior ativo, e a IA é uma ferramenta que nos ajuda a expandi-la, não a limitar.

A rentrée marca sempre o início de um novo ciclo. Quais são as principais apostas do Grupo para esta temporada?

A rentrée é, para nós, mais do que um regresso, é uma oportunidade de redefinir prioridades, acelerar a inovação e reforçar o nosso compromisso com os clientes e com o mercado. No Publicis Groupe Portugal, entramos nesta nova temporada com uma visão clara: consolidar a integração estratégica entre todas as áreas, potenciando o modelo Power of One, o nosso diferencial competitivo que mencionei anteriormente.

Temos novidades importantes no que diz respeito às ferramentas de dados, com destaque para o Publicis Connected Identity – uma solução que está a mudar a forma como abordamos os dados e nos conectamos com os consumidores. Naturalmente, continuamos a impulsionar áreas como commerce, Retail Media e criatividade, com campanhas que refletem a nossa capacidade de unir tecnologia, cultura e impacto.

Em suma, esta rentrée é marcada por uma ambição clara: sermos o parceiro estratégico que ajuda as marcas a navegar a complexidade do mercado com soluções simples, eficazes e culturalmente relevantes. Estamos preparados para liderar, não apenas acompanhar, e isso começa com uma visão integrada, uma execução ágil e uma criatividade que transforma.

Quais as tendências que vão marcar o setor a curto prazo e que já estão a preparar internamente?

O setor está a atravessar uma fase de transformação acelerada, e no Publicis Groupe Portugal estamos a preparar-nos para responder a tendências que já estão a moldar o presente. A personalização em escala, impulsionada por dados e IA, é uma das grandes apostas, permitindo-nos criar experiências mais relevantes e eficazes. A convergência entre criatividade e media é outra tendência incontornável, com equipas híbridas que trabalham de forma integrada para desenhar campanhas que performam e inspiram. A produção ágil e escalável também ganha protagonismo, com modelos que nos permitem adaptar conteúdos a diferentes plataformas e contextos em tempo real. Por fim, a gestão da identidade digital e da privacidade está a redefinir a relação entre marcas e consumidores, e soluções como o Publicis Connected Identity mostram como é possível combinar eficácia comercial com responsabilidade ética. Estas tendências não são apenas previsões – são áreas em que já estamos a investir, formando equipas e transformando processos, com uma visão clara de futuro e um compromisso com a inovação.

Projetando o Publicis Groupe Portugal daqui a 16 anos, como imaginam que será o vosso papel no ecossistema criativo?

No Publicis Groupe, acreditamos que o nosso papel vai muito além de conectar marcas e consumidores. Somos parceiros na construção do propósito das marcas, ajudando-as a comunicar com relevância, personalização e impacto – tanto na criatividade como na mensagem.

Daqui a 16 anos, imaginamos o Publicis Groupe como uma plataforma criativa global, onde tecnologia, dados e talento humano se fundem para criar soluções que não apenas respondem às necessidades das marcas, como também moldam a cultura e a sociedade.

Seremos um grupo que opera com inteligência aumentada, mas com uma criatividade profundamente humana. Um ecossistema onde a diversidade, a inovação e a colaboração caminham lado a lado. O nosso papel será o de orquestrador de experiências significativas, com impacto real na vida das marcas e no crescimento sustentável dos clientes.

Mais do que acompanhar o futuro, queremos construí-lo com visão, coragem e uma cultura que valoriza o talento, a criatividade e a transformação contínua.