Mais torre, mais Porto

É um dos principais cartões de visita do Porto e acaba de viver uma renovação completa da sua identidade visual. A Torre dos Clérigos tem agora um novo logótipo, mais arrojado, jovem e inspirado na ligação com a Cidade Invicta. O diretor executivo do monumento, António Tavares, e o designer Ricardo Daniel explicam o racional da mudança.

Mais torre, mais Porto

A Torre dos Clérigos, no Porto, acaba de ganhar um novo logótipo, “mais arrojado”, que vai buscar inspiração à ligação da cidade com o conjunto arquitetónico criado por Nicolau Nasoni no século XVIII. A Irmandade dos Clérigos decidiu levar a cabo um rebranding que o diretor executivo da Torre dos Clérigos, António Tavares, qualifica como não apenas estético, mas também funcional, visando melhorar a experiência digital através do website e das plataformas de redes sociais. Consiste numa reformulação completa da identidade visual, fazendo distinção ao nível da presença da marca institucional e mais focada nos valores da Igreja dos Clérigos e da sua Irmandade. Este rebranding inclui a introdução de um novo logótipo, uma paleta de cores atualizada, tipografia modernizada e a criação de materiais de marketing e comunicação renovados. “Queremos a Torre dos Clérigos como uma marca mais turística e cultural, mantendo toda a marca Clérigos institucional”, explica o porta-voz.

O rebranding coincide com o aniversário dos 10 anos da reabilitação do monumento, um marco que celebra “o sucesso e a visibilidade” crescente alcançada pela Torre, atraindo mais de oito milhões de visitantes desde a reabertura. “Sentimos que o momento exige uma imagem que corresponda vitalidade e relevância alcançadas tanto na cidade do Porto quanto no panorama internacional. Uma identidade mais moderna, mais turística, mais digital, mais jovem, mais Porto, mas sempre com a nossa Torre a dominar a paisagem”, enquadra António Tavares.

Esta nova fase não significa, contudo, – diz – a negação da obra construída ao longo de mais de dois séculos e meio. Sinal disso mesmo é que o logótipo já conhecido vai continuar a existir e a comunicar, no seu espaço mais institucional, mais formal e nos eventos de cariz religioso.

Segundo o porta-voz, o novo logótipo captura a essência da Torre dos Clérigos ao combinar elementos (círculos) a perfazerem a sua silhueta, apresentando um design “moderno”. O uso de círculos limpos e uma tipografia mais forte visam fortalecer a visibilidade e o reconhecimento da marca, de uma Torre e de uma cidade granítica, explica. “Esta imagem representa a dualidade entre a história rica quase tricentenária da torre e a sua dinâmica contemporânea, refletindo a integração entre o património e a modernidade. Pretende refletir, também, a vida! A vida dos que cá trabalham, dos que nos visitam e dos que vivem na cidade. Reflete uma torre com pronúncia do norte”, comenta, acrescentado os cinco objetivos principais do rebranding. São eles: desde logo, reforçar a posição da Torre dos Clérigos como um ícone cultural e turístico do Porto, mantendo a relevância da marca num ambiente global competitivo e focado em parcerias internacionais. É também propósito melhorar a acessibilidade e a interação digital com visitantes de todo o mundo e aumentar o contacto com um público mais jovem e digitalmente mais conectado. O trabalho desenvolvido visa ainda fortalecer a imagem da torre como um local que oferece a “melhor” panorâmica 360º da cidade, de um local de cultura viva, que oferece exposições, eventos, concertos e várias experiências.

“A nova imagem foi pensada e desenhada para ser mais torre. Uma torre com uma identidade mais presente, mais apelativa para os turistas e para os portugueses”, advoga o responsável, acrescentando que pretende igualmente posicioná-la como um “ativo de excelência” da cidade. Acredita que a imagem “vibrante” da torre vai atrair um público mais amplo, garantindo que os seus visitantes descubram “algo único e envolvente, realçando as melhores vistas de 360º da cidade, a própria vida pulsante do Porto, mas também o envolvimento nos vários eventos culturais” desenvolvidos, desde a arte, exposições, música, entre outros. “Não é por acaso que existe uma torre de dia e uma torre de noite”, sustenta.

O rebranding é visível em todos os pontos de contacto com o público, incluindo sinalética no local, materiais promocionais, materiais de merchandising, e, mais significativamente, através das plataformas digitais. “A nova imagem será divulgada amplamente através de campanhas de marketing, como nos canais digitais, e destacada em eventos importantes e em colaborações com parceiros turísticos e culturais”, adianta António Tavares.

 

Um design precioso

“Mais do que uma torre de pedra, é uma pedra preciosa da cidade”. É esta a mensagem que o designer Ricardo Daniel pretende transmitir com o rebranding da Torre dos Clérigos. Já o logótipo visa comunicar que a torre está “viva e em perpétua sintonia e movimento”.

O designer explica que o trabalho de atualizar a imagem deste monumento erguido no século XVIII envolveu um estudo de toda a história e todas as funções que a torre já teve na cidade. “O desenho implicou um desafio duplo, porque a torre já foi desenhada de (quase) todas as formas e porque, sendo um ex-líbris do Barroco, esta revela uma complexidade de formas e técnicas que a transformam numa autêntica escultura com mais de 70 metros de altura”, comenta.

O equilíbrio entre tradição e modernidade foi alcançado numa combinação de técnicas, desde o desenho manual até à escrita de código de programação generativo, para um movimento perpétuo da figura num contexto digital. Há também uma ligação entre o número de circunferências do novo símbolo e a altura do monumento. “A nossa busca por harmonia não estaria completa se não incluíssemos toda a dimensão sonora que a torre representa, desde os seus sinos até ao interior do seu órgão de tubos. Quisemos compor acima de tudo uma marca que, para além de sonora, seja também musical, preparada para todos os (novos) acordes em que vivemos”, sustenta.

Fundamental com a nova imagem, diz, é transmitir uma maior proximidade entre a torre e a cidade, tanto dos que nela moram como daqueles que diariamente a visitam. Como comunicar o monumento enquanto cartão de visita do Porto para os estrangeiros? “Através da proximidade, com o caráter icónico da nova marca, à imagem do que se nos oferece em Nova Iorque, quando procuramos o Empire State Building e este se desvenda de forma rápida e universal através da sua silhueta”, afirma. Já para os portugueses, passa pelo movimento, “reforçando a ligação musical com todos os eventos que usam a imponência externa como pano de fundo e marca sonora da cidade”.

Sofia Dutra

Terça-feira, 17 Setembro 2024 09:20


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