#ProvamosEAprovamos Uranus, um vinho de outro mundo

Um vinho que custa 1700 euros a garrafa? Não é certamente consensual, mas vai chegar ao mercado pela mão do empresário português Cláudio Martins. Chama-se Uranus e é o segundo da coleção Wines From Another World. Os primeiros a provar, esta quarta-feira, em Madrid, foram jornalistas portugueses e espanhóis. A Briefing provou e aprovou!

Este projeto tem muito que se lhe diga. Nasce da vontade de Cláudio Martins – fundador, 2014, da Martins Wine ADvisor – em mostrar que em Portugal se produzem vinhos de qualidade, do calibre daqueles que foi provando ao longo de uma carreira iniciada quando, aos 20 anos, se mudou para Londres. Aí desenvolveu uma rede privilegiada de contactos que agora lhe permitiram lançar-se em voos mais altos, estratosféricos até.

Assim se explica o nome desta coleção limitada de vinhos – são de outro mundo, mas para o mundo, como partilhou, à margem do evento no espaço madrileno Domo360.  O outro mundo remete para a qualidade e exclusividade que são marcas de água desta sua ideia, mas é igualmente uma alusão ao conceito que lhe é transversal: é que cada um dos vinhos será batizado com o nome de um planeta do sistema solar e, sim, Plutão também terá direito a um, apesar da recente despromoção.

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A inspiração tem uma assinatura: Pedro Antunes, fundador da Sparrow Creative Solutions, atelier localizado na Ericeira de onde saiu todo o branding e packaging desta coleção. Há geometria, elegância e uma gota de mistério na criatividade que emprestou a estes vinhos. A garrafa é densamente escura, apenas iluminada por uma pequena chapa retangular e prateada, com o nome em relevo. A cápsula é igualmente negra, com o logótipo – um astronauta em órbita – gravado no topo.  A protege-la está uma caixa hexagonal, numa espuma, mais uma vez negra, em que surge, discretamente, a marca.

#ProvamosEAprovamos Uranus, um vinho de outro mundo

 

E a que sabe Uranus? Primeiro, importa saber de onde veio. Vem de Priorat, na Catalunha, e o seu produtor é o alemão Dominik Huber, da Terroir al Limit. É um vinho novo, de 2021, escolhido pelo seu elevado potencial de envelhecimento. Esta juventude explica a surpresa inicial com que o paladar o recebeu: algo agreste, quiçá ligeiramente gaseificado. Porém, foi só a primeira impressão: à medida que a prova continuava, ganhou corpo e consistência.

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Ainda assim muito distinto do planeta que estreou esta coleção do outro mundo: Júpiter, o maior planeta do sistema solar, tantas vezes visível a olho nu. Na planície alentejana, de onde é originário, certamente. O produtor é Pedro Ribeiro, da Herdade do Rocim. É um vinho com mais passado, tendo estagiado em talha. Daí a maior profundidade e expressividade. É português, com certeza.

Prová-lo pode, no entanto, ser difícil. As 800 garrafas lançadas o ano passado, a mil euros cada, esgotaram, pelo que agora só é possível encontra-lo nas mãos de investidores. O mesmo espera Cláudio Martins que aconteça com as 460 garrafas de Uranus, que serão colocadas à venda a 1700 euros. Isto, no formato habitual, porque os haverá especiais, até um máximo de 12 litros (apenas três).

E quem compra? Provavelmente, os membros do exclusivo clube Wines From Another World, convivas do jantar que encerrou a apresentação pública deste planeta nascida de uvas espanholas.

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Outros se lhe seguirão, já em 2023, ano em que, muito possivelmente, serão lançados dois. De onde? Cláudio Martins acredita que o segredo é mesmo a alma do negócio. Só se sabe que a coleção culminará com um segundo vinho português. E a única certeza é que será um fortificado. Cá o(s) esperamos!

fs@briefing.pt

Quinta-feira, 27 Outubro 2022 18:28


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