Briefing | O que justificou a criação de uma agência focada no ambiente, na cidadania e na sustentabilidade?
Alcino Vieira | Porque consideramos importante “equilibrar as forças”. O crescimento, baseado no aumento do consumo, aparece como resposta a todos os males. Nós achamos que não, e decidimos promover o “decrescimento”. Por outro lado, os desafios do ambiente, da cidadania e da sustentabilidade requerem que se usem as melhores estratégias de comunicação e publicidade com conhecimentos técnicos robustos. Sentimos que a comunicação que se fazia era demasiado técnica e excessivamente alicerçada em ideias pessimistas. Achamos que era preciso trazer uma abordagem mais otimista, mas desempoeirada, embora tecnicamente robusta.
Comunicar é o primeiro passo para proteger: em que medida?
Só protegemos aquilo que conhecemos, correto? De uma forma simples, é difícil proteger algo que não nos diz nada, que nunca vimos, nunca percebemos ou não sabemos qual é a sua importância. A comunicação promove esse conhecimento e ativa o envolvimento das pessoas nos processos.
As melhores decisões são sempre as decisões informadas. E acreditámos, de forma convicta, que por defeito somos todos mais bons do que maus. O que acontece é que, muitas vezes, estamos mal informados.
Como concretizam essa filosofia?
Não temos nenhuma solução ou fórmula milagrosa. Acertamos e erramos tanto como todos os outros, mas tentamos sempre fazer uma coisa: comunicar de forma positiva. Ou seja, quando falamos de ambiente evitamos sempre dramatizar, culpabilizar ou responsabilizar. Acreditamos que o melhor das pessoas aparece sempre quando informadas.
O que diferencia as vossas ações de comunicação e a vossa criatividade?
Como em tudo, e como sempre, são as pessoas que fazem realmente a diferença. Nós não somos uma agência dita “normal” e, por isso, especializamo-nos em conseguir gente menos “normal” e acabamos por nos tornar bons nisso. Uma das coisas que os nossos clientes nos vão dizendo ao longo dos anos é que fazemos muitas perguntas, queremos perceber a razão de ser do pedido, colocamos muitas coisas em causa (como, por exemplo, se o cliente terá capacidade de fazer o que é preciso para dar continuidade). Ah, e que somos pessoas de detalhes!
De qualquer forma, acho que a grande vantagem que trazemos enquanto agência de comunicação é a capacidade de produzir conceitos e conteúdos de forma autónoma na área do ambiente e da sustentabilidade. Desde conteúdos sobre economia circular até à gestão de recursos hídricos, tudo é concebido cá, com uma comunicação positiva e evitando o caminho mais fácil e mais óbvio.
Há mercado para uma agência tão especializada? Não condiciona o crescimento da agência?
Condiciona, mas é um mal que vem com a escolha! Não podemos ser uma agência especializada em questões sociais e ambientais e, simultaneamente, concorrer no mercado enquanto promotores do consumo desregulado. Isto não quer dizer que não trabalhemos com entidades que têm como objetivo declarado a maximização do lucro por vezes até através do aumento do consumo. O que acontece é que trabalhamos com elas para outras áreas e para outros objetivos, muitas vezes catalisadores de grandes mudanças. Mas sim, tentamos trabalhar com entidades que partilhem connosco alguns valores e objetivos.
Qual tem sido o vosso desempenho? Têm sido capazes de atrair novos clientes?
Somos uma empresa pequena e dedicamos mesmo muito tempo aos nossos clientes e aos seus projetos, razão pela qual estabelecemos uma relação estreita com estes e, simultaneamente, uma presença tímida no mercado. Não temos uma política expansionista, dedicamo-nos a manter os clientes fidelizados.
Ainda assim, e contra toda a lógica, temos ampliado a nossa carteira de clientes através de algo que nos deixa particularmente orgulhosos que é a recomendação dos nossos serviços por clientes nossos. É ótimo.