“Vivemos um período de transição, em que os consumidores estão cada vez mais atentos, exigentes e conscientes dos riscos associados às decisões financeiras. Por isso, o marketing tem o papel de comunicar valores e propósitos com clareza, de forma consistente e próxima, ajudando a criar relações duradouras com os clientes”, confirma a especialista em finanças pessoais.
Num País onde a literacia financeira continua a ser um desafio, de acordo com Bárbara Barroso, “o marketing assume também uma função pedagógica. As marcas que conseguem traduzir o complexo em linguagem acessível ganham não só visibilidade, mas também confiança”.
Com a digitalização dos serviços e o crescimento das fintechs, “o marketing tornou-se ainda mais relevante na diferenciação das propostas de valor. A personalização da comunicação, o uso inteligente de dados e a humanização das marcas são hoje elementos centrais”, contextualiza a responsável do MoneyLab.
“No fundo, o marketing financeiro tem de evoluir da lógica da venda para a lógica da relação. É um pilar estratégico para gerar confiança, educar e fidelizar, o que representa três dimensões essenciais num setor sensível por natureza”, defende.
Desafios num “ambiente saturado de informação”
Quanto aos maiores desafios, Bárbara Barroso não hesita em apontar o maior. “É, sem dúvida, construir confiança num setor que lida com algo tão sensível como o dinheiro, as expectativas e os medos das pessoas. Isso exige uma comunicação autêntica, transparente e educativa, o que é cada vez mais exigente num ambiente saturado de informação e com consumidores mais informados e digitalmente empoderados.”
A fragmentação dos canais e o excesso de ruído, segundo a especialista, tornam mais difícil captar a atenção com mensagens relevantes. “Hoje, a personalização e a experiência do cliente não são diferenciais, diria que são o mínimo esperado. As fintechs elevaram a fasquia; e o mercado exige respostas rápidas, humanizadas e alinhadas com as reais necessidades das pessoas”, justifica.
Outro desafio crescente é a utilização da inteligência artificial. “Por um lado, representa uma oportunidade de automatizar processos e personalizar interações. Por outro, levanta questões éticas e estratégicas sobre o seu uso em decisões financeiras. Não se pode delegar em algoritmos a orientação da vida financeira das pessoas sem critérios claros e regulação adequada”, alerta Bárbara Barroso, acrescentado que o “marketing financeiro moderno exige um equilíbrio entre tecnologia, dados e empatia, um triângulo complexo, mas essencial, para responder às exigências do presente.”
“Mais conexão com propósito”
“Acredito que caminhamos para um novo paradigma: menos comunicação transacional, mais conexão com propósito. As marcas que assumirem o compromisso com a literacia financeira e com a criação de valor real na vida das pessoas vão destacar-se num mercado que valoriza cada vez mais propósito, ética e utilidade”, defende.
A educação financeira será um ativo estratégico, não apenas uma ação institucional. Começar pelas escolas, chegar aos consumidores, formar empreendedores e decisores, advoga Bárbara Barroso. “E este movimento será determinante para aumentar a confiança no setor e gerar valor sustentável. As instituições que conseguirem combinar tecnologia com propósito, inovação com proximidade e performance com ética serão as líderes do futuro. E, num contexto em que a confiança é cada vez mais escassa, as marcas que conseguirem comunicar com verdade e transparência conquistarão não só clientes, mas comunidades leais.”
Bárbara Barroso, fundadora do MoneyLab e especialista em finanças pessoais

