A opinião de… Diogo Paixão, da WOOK

Por que motivo algumas marcas fazem o coração bater mais forte? O Growth Marketing Lead da WOOK propõe uma reflexão diferente das habituais sobre aquilo que são love brands. Começa por falar de amor e termina com o futuro, que é impossível antever sem inteligência artificial por perto.

A opinião de... Diogo Paixão, da WOOK

Há marcas que transcendem a lógica comercial. Não se limitam a ocupar espaço nas prateleiras das nossas casas e escritórios ou nos ecrãs dos nossos dispositivos. Instalam-se nas nossas vidas, nas nossas rotinas diárias e, sobretudo, nos nossos corações. São as love brands. Sim, todos já ouvimos falar delas. Já lemos inúmeros artigos, assistimos a palestras e discutimos como construí-las em reuniões de marketing. Mas, hoje, proponho uma reflexão diferente. Vamos falar sobre algo que muitos esquecem: o AMOR.

Amor: O único combustível que não se compra

O amor não é um KPI. Não se mede em taxas de conversão, nem se compra com campanhas virais. O amor é imprevisível, orgânico e humano. Como bem diziam os Expensive Soul: “O amor é mágico”. É uma conexão visceral, autêntica e, acima de tudo, voluntária. E muitos profissionais de Marketing cometem o erro de acreditar que uma love brand se constrói com um storytelling impecável, um propósito bem redigido ou embalagens minimalistas. E tentam construir uma marca com base em fórmulas e best practices. Claro que tudo isto é relevante, mas é apenas a ponta do icebergue.

O que verdadeiramente define uma love brand é a sua capacidade de se tornar indispensável na vida das pessoas, não pelo que vende, mas pelo que representa. Acredite: a autenticidade é sempre o melhor aliado.

Mas o que faz uma love brand ser tão especial?

Uma love brand não é uma marca que as pessoas gostam. É uma marca que as pessoas amam! E o amor, como bem sabemos, é irracional. Não segue fórmulas. Não se encaixa em gráficos ou relatórios. É puro, simples e emocional.

E é essa a verdadeira força de uma love brand!

A Apple é o exemplo clássico, mas não pelo óbvio. Não se trata apenas de design ou inovação. Estou a falar da forma como a marca transcendeu o seu produto. A Apple não vende apenas iPhones ou MacBooks; vende um estilo de vida, uma filosofia, uma identidade. Quando alguém compra um produto Apple, não está a adquirir um simples dispositivo. Está a fazer parte de uma tribo, a adotar uma forma de ver o mundo. Está a expressar quem é e a partilhar uma visão. E isso, meu caro leitor, é amor.

Mas atenção: o amor não se conquista com brindes ou descontos. Ele nasce da autenticidade, da consistência e da empatia. Uma love brand não tenta agradar a todos, porque sabe quem é e a quem serve. É essa clareza de propósito que gera uma ligação emocional genuína com o público.

O erro de confundir “fidelidade” com “amor”

Aqui reside um equívoco perigoso: muitos profissionais confundem fidelidade com amor. A fidelidade é racional – nasce de promoções, conveniência ou qualidade. O amor é irracional. É o que leva alguém a escolher uma marca mesmo quando falha, porque a relação vai além da lógica. Quantas vezes já vimos empresas a investir em programas de fidelização, acreditando que isso as tornaria uma love brand? A verdade é que fidelização não é sinónimo de amor. As métricas de engagement, como likes, partilhas e comentários, também não são sinónimo de devoção. São apenas ecos digitais. O amor verdadeiro mede-se quando os consumidores defendem a marca, a recomenda aos outros ou a integra nas suas vidas de maneira profunda.

O paradoxo da Inteligência Artificial (IA): Como ser humano na era dos algoritmos

Importante referir que o conceito de love brand está, de certa forma, a evoluir. Já não basta criar uma marca que seja apenas amada. O desafio agora é cultivar relações autênticas e significativas. E é aqui que a IA entra em cena, não como um obstáculo, mas como uma ferramenta para amplificar a humanidade de uma marca.

A verdade é que vivemos numa era paradoxal. Nunca tivemos tanta informação sobre os consumidores, mas, ao mesmo tempo, nunca foi tão difícil cativá-los. O público está saturado de scripts pré-preparados, interações automatizadas, recomendações preditivas e mensagens personalizadas que muitas vezes não soam genuínas. Entre algoritmos e dados, há um crescente desejo por autenticidade.

Então, a IA é uma ameaça ou uma aliada?

É inegável que a IA pode ser uma poderosa ferramenta para criar experiências mais relevantes e eficientes. No entanto, quando usada de forma impessoal e mecânica, ela pode desumanizar a comunicação e afastar as marcas dos consumidores.

As love brands do futuro (ou do presente?) devem utilizar a IA de forma inteligente. Não para substituir a empatia, mas para amplificar aquilo que realmente importa: as conexões humanas. O verdadeiro desafio será encontrar o equilíbrio entre a tecnologia e a humanidade. Pare por uns segundos e pense:

Como usar a automação sem perder a proximidade?

Como personalizar sem invadir?

Como criar uma experiência fluida sem a tornar fria?

O futuro pertence às marcas que ousam ser humanas

Se quer construir uma love brand em 2025, esqueça por momentos as métricas e os KPI. Não se iluda: algoritmos não geram amor. Só a autenticidade, a coragem de tomar posições e a empatia genuína o fazem.

E se há algo que a história nos ensina, é isto: as marcas que amamos não são as mais perfeitas, mas as que nos fazem sentir mais próximos de quem somos – ou aspiramos ser.

E isso, caros marketeers, é marketing que transcende estratégia.

É marketing que emociona!

Diogo Paixão, Growth Marketing Lead da WOOK

Terça-feira, 08 Abril 2025 12:38


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