A opinião de… Pedro Joel, do Grupo Float

O CEO do Grupo Float revela o que é essencial para pensar a comunicação em saúde de forma disruptiva e eficaz.

A opinião de... Pedro Joel, do Grupo Float

A transformação digital tem dominado a evolução da comunicação em saúde nos últimos anos. O acesso massivo à internet tem permitido a todos uma maior proximidade com a informação e a possibilidade de pesquisa, sem limites. De acordo com o Instituto Nacional de Estatística (INE), em 2022, em Portugal praticamente todas as famílias, 88,2%, tinham ligação e acediam diariamente à Internet.  

Este acesso sem precedentes à informação online, imediata e em qualquer lugar, na ponta do dedo, tem um forte impacto no setor da saúde. A procura online por sintomas, doenças e tratamentos cresce de forma exponencial e o esclarecimento de dúvidas sobre saúde ultrapassa em larga escala a conversa com o médico, transpondo as paredes do consultório. O doente que, como muitos referem nos dias de hoje, “deve estar no centro”, é um doente com acesso a diferentes fontes de informação, que muitas vezes questiona e quer saber mais. E, por isso, é preciso dar-lhe essa “resposta”. 

A indústria farmacêutica, as entidades públicas, as sociedades médicas e as associações de doentes têm trabalhado connosco trilhando um longo caminho pelo aumento desta literacia, através da partilha de informação em diferentes canais. Nomeadamente, têm sido criados inúmeros sítios na internet sobre condições de saúde e movimentos que procuram disponibilizar mais informação, com base científica credível. O combate à desinformação é crucial! 

Em situações particularmente difíceis, como em determinadas condições de saúde, torna-se fundamental a sensação de pertença e a identificação com outros que estejam a passar pelo mesmo. E numa sociedade cada vez mais digital, com inúmeras interações online, muitas destas partilhas de informação acontecem nas redes sociais, que acabam também elas por se assumirem como importantes veículos de apoio e esclarecimento. 

O conceito de influencer também tem conquistado espaço na área da comunicação em saúde, mas de uma forma diferente. A relação de proximidade é criada com figuras de diferentes áreas que partilham a sua experiência pessoal com uma determinada doença, permitindo uma identificação natural com o público. E isso é muito valorizado! São cada vez mais os profissionais de saúde que utilizam as suas redes como forma de alerta e consciencialização para prevenção. E fazem-no com sucesso, rigor, credibilidade e, acima de tudo, têm audiência! 

Levanta-se então a questão: como conseguir o equilíbrio entre a velocidade de consumo de informação, a digitalização e disponibilização dessa mesma informação, a integração das promissoras ferramentas de inteligência artificial e a necessidade de cumprir regras e limites impostos pela regulamentação? Criatividade, experiência, proximidade com os stakeholders e conhecimento científico são elementos essenciais para pensar a comunicação em saúde de forma disruptiva e eficaz. Assim conseguimos transpor barreiras, ultrapassar obstáculos, superar limites e, simultaneamente, manter a ética inerente à comunicação da saúde e ciência. Não há receitas únicas no que respeita à criatividade em saúde, mas há certamente uma dosagem certa de criatividade e talento para o fazer de forma eficaz e com excelentes outcomes.

Pedro Joel, CEO do Grupo Float

Quinta-feira, 18 Julho 2024 14:30


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