A campanha da PpDM surge depois de a associação ter ficado alerta relativamente ao facto de haver uma predominância masculina na denominação dos monumentos nacionais. Este é um tema que tem sido abordado ao longo do tempo, sendo que o debate foi relançado após ter sido escolhido o nome para o futuro aeroporto na região de Lisboa, levando as pessoas a defenderem que em Portugal nenhuma infraestrutura deste tipo tem o nome de uma mulher.
Neste âmbito, foi criado o “Hack for Equality”, que desafia os cidadão a colocarem estas personalidades “literalmente no mapa”. Através do Google Maps, passa a ser possível registar um aeroporto fictício que é apelidado com o nome de uma mulher portuguesa que merece este reconhecimento, na zona onde está prevista a construção do novo aeroporto, em Alcochete. Esta campanha foi desenvolvida pela agência JUDAS, em parceria com a Notable., a Jungle Corner e o Duall Studio.
Na perspetiva da vice-presidente da PpDM, Joana Frias Costa, o facto de todos os aeroportos portugueses terem nomes de homens “é sintomático de uma história que apagou, durante séculos, o contributo das mulheres”. Acrescenta que algo que a choca é o facto de, perante uma nova oportunidade, este padrão ter sido repetido. A sua opinião é que este projeto reivindica aquilo que “é justo e evidente: que as mulheres que marcaram Portugal tenham também o seu lugar no espaço público”.
De acordo com um estudo conduzido pelo cientista de dados Manuel Banza, em Lisboa, das cerca das cinco mil ruas existentes, apenas 5 % têm nomes de mulheres, enquanto 44 % possuem nomes de homens. Já quando se consideram apenas as ruas com nomes de pessoas, a disparidade torna-se ainda mais acentuada, sendo que 91 % homenageiam homens e apenas 9 % mulheres. No que diz respeito ao Porto, a situação é semelhante. Uma análise realizada por João Bernardo Narciso e Cláudio Lemos indica que 44 % das ruas têm nomes de homens, enquanto apenas 4 % são dedicadas a mulheres.
Simão Raposo