A Siemens amplifica os colaboradores. Sabe como?

Quando o assunto é comunicação interna, a Siemens Portugal fala num movimento de employee advocacy, que visa dar aos colaboradores a oportunidade de liderança no digital, tornando-os embaixadores da marca. Tudo graças à ferramenta Amplify, que a diretora de Comunicação, Salomé Faria, descodifica, anunciando que o “next level” já está a chegar.

 

“A Siemens acabou com o tema da comunicação interna”, começou por afirmar Salomé Faria. É que, na empresa, a fronteira entre o que é interno e externo – exceto o estritamente confidencial – é “muito ténue”. Daí preferirem falar em “employee engagement”, trabalhando os temas, sim, mas de forma a gerar o envolvimento dos 2.500 colaboradores.

A grande aposta é na força deles, enquanto embaixadores da marca, para reforçar a importância e atratividade da tecnológica. O facto de estarem ao serviço da empresa também lhes traz vantagens, afiança Salomé, justificando com a visibilidade lá dentro e no mercado, e a facilidade em traçarem caminhos com os seus clientes. “Os colaboradores também ganham com isto. Por exemplo, nalguns casos, quando os ativamos, são posicionados como especialistas. Ao convidarmos um engenheiro da área do tráfego a fazer um artigo para o LinkedIn, pode ser uma catapulta para se projetar lá fora. É uma visão muito bipartida do que é a comunicação interna”, assegura.

É aqui que entra a Amplify. A plataforma, desenhada pela Siemens à sua escala, tem conteúdos pré-preparados para os colaboradores partilharem nas suas redes sociais. De acordo com o claim da empresa, “Ingenuity for Life”, tem duas vertentes: a “Ingenuity” com artigos mais técnicos, tecnológicos e ligados à inovação; e a “For Life” dedicada aos assuntos mais ligeiros, onde explicam, por exemplo, o impacto que uma solução ou um projeto pode ter na sociedade. O departamento de Comunicação percebe que há um interesse muito maior pelo segundo tópico, o que “não é de estranhar”.

“Havia um desconforto enorme com o que se pode publicar ou não”, o que motivou a opção por conteúdos pré-preparados – “pré” porque são editáveis antes de partilhar. Essa é grande vantagem – destaca a porta-voz –, porque permite “não condicionar” o colaborador. Há ainda aqueles que preferem partilhar diretamente das redes sociais da Siemens, sem passar pela Amplify.

A mensagem chega ao target, mas por vias que não as tradicionais, como o comunicado de imprensa, a entrevista, o site ou o e-mail marketing. “Optámos por este modelo de plataforma porque temos uma possibilidade muito limitada para promover os nossos conteúdos. No segmento em que operamos, temos uma dificuldade enorme em difundir as ‘n’ histórias incríveis que temos”, comenta.

O intuito é aumentar o alcance das publicações, porque há dados que comprovam que um mesmo conteúdo pode ter oito vezes mais interações quando partilhado por um colaborador em vez de pela empresa. A Amplify é, assim, como o nome indica, uma ferramenta de incremento do alcance das publicações.

Pelo caminho, os próprios embaixadores vão criando contactos, e a Siemens aumentando a comunidade. No final, o grande objetivo, e no qual já estão a trabalhar, é converter o buzz gerado em vendas.

Quando foi lançada, em julho de 2016, esta ferramenta sofreu das “habituais dores de infância”, mas não chegou logo às pessoas porque a cultura não estava enraizada. Com resultados incipientes nas mãos, o departamento de Comunicação readaptou a plataforma e proporcionou formação em LinkedIn e Twitter aos colaboradores.Hoje, Salomé Faria diz que a Amplify está em “pleno crescimento”, contando já com muitos embaixadores ativos, o que faz a equipa querer avançar para o “next level” – uma nova plataforma “profissional”.

É o PostBeyond, que já terá todos os analytics que precisam, uma versão mobile, e dará os insights que querem ver, como o alcance de determinado conteúdo – o post “x” foi partilhado por “n” pessoas e, no total, gerou um alcance de “y” –, suprimindo as lacunas que existem na Amplify. A nova ferramenta não será aberta a toda a casa, mas, sim, a 50 colaboradores-piloto, que são os mais ativos, e cuja vontade e capacidade para assumir este papel menos amador é maior.

A diretora de Comunicação adianta que, mais tarde, será adicionada gamificação, pois “todos gostam de ser os campeões das publicações”. Aliás, os desafios já são habituais na rede social interna. “Estamos com os olhos postos nos nossos colegas do Médio Oriente. Arrancaram um pouco mais tarde que os do Canadá e do norte da Europa – os pioneiros –, mas têm tido um êxito absurdo, chegaram a mais de 23 milhões de pessoas. Temos de ter noção da nossa escala, ainda assim, é uma história muito positiva”.

A 1 de outubro, o início do ano para a Siemens, os embaixadores já vão depreender qual o next level deste movimento de employee advocacy. O foco mantém-se: humanizar a tecnológica. E a mudança cultural está a ocorrer: hoje, são já os colaboradores a propor e a questionar. “Há um engagement enorme e eles têm o driver”.

carolinaneves@newsengage.pt

 

Quarta-feira, 07 Agosto 2019 11:30


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