Business as unusual

E isso não é necessariamente mau. Ou melhor, tem coisas boas. O que torna esta crise diferente de tantas outras?

 

Inevitavelmente, a sua dimensão à escala planetária, que afecta quase todos os continentes, países, cidades, casas, quase todos os negócios e famílias de forma transversal. E, também, tantas pessoas enquanto indivíduos. E por isto a transformação é também ela global.

Mas, para lá da dramática crise sanitária e do seu impacto na vida e morte e de tudo o que teremos que repensar em termos de sistemas de saúde, de cooperação internacional, para lá do brutal impacto impacto financeiro em tantas áreas de actividade, vamos descobrir que houve coisas que passaram a funcionar melhor, que fazem mais sentido; vamos conferir que todos temos um papel a desempenhar; vamos tomar consciência da nossa interdependência. Vamos ficar mais fortes.

Por isso, a última coisa que quero dizer é “tenham calma”, porque é o contrário disto que nós marketeers devemos ter e dizer: o que temos é que ter um entusiasmo e uma adrenalina ímpares. Tanto a acontecer. Tanta informação para absorver. Tantos desafios.

Desde logo,

1 – No negócio, seja ele qual for.

Esta crise foi o grande acelerador para muitas das tendências que se previam ou eram incipientes. E de repente já aconteceram.

O grande “E” que tomou conta de tantas variáveis, do e-learning ao e –meeting;

 O e-commerce que passou a ser a única porta aberta e que agora normaliza para o live streamshopping.

A tecnologia digital que deixa de ser uma ferramenta de entretenimento e passa a estar ao serviço de plataformas interactivas para experiências imersivas ao serviço dos nossos consumidores

2 – Nas organizações e nas equipas

A necessidade de adoptarmos o beginners mind como estilo de vida: sempre a aprender, sempre a questionar, inquietos, curiosos, insatisfeitos.

Equipas mais flexíveis e rápidas com capacidade de olhar para a frente e traçar vários planos a curto prazo e a médio prazo porque o pior pode acontecer. E o melhor também, lançar cenários, olhar para o sitio onde a bola poderá ir parar depois do pontapé e mantendo o big picture.

3 – Nas marcas

Este consumidor mudou e adaptou-se à realidade actual, mas ainda vai incorporar esta aprendizagem no novo normal, ou seja, teremos um novo e ainda desconhecido consumidor pela frente

Para um novo normal, eventualmente com maiores preocupações em temas como a segurança, autoconsciência, criatividade, realização pessoal, sustentabilidade e ambiente, transparência e afectividade.

Cabe às marcas:

– estarem presentes (não é tempo para desaparecer mas sim para usar todos os recursos e criatividade para fazer a diferença)

– juntas (nunca fez tanto sentido os projectos colaborativos e marcas que se associam para ajudar)

– ajudarem a resolver (encontrar soluções para os diferentes problemas dos consumidores)

– e a contar como, com emoção e com factos mas sempre com o objectivo de instalar a confiança

Todos os dias são o dia 1: pensar o futuro, acompanhar as mudanças dos sentimentos e predisposição do consumidor apoiar com ideias, produtos e serviços que ajudem na adaptação, sermos pragmáticos, rápidos e relevantes.

Cabe-nos também a nós, marketeers, construir as arcas, porque, não podendo controlar nem prever a dimensão ou o fim do dilúvio, sabemos que a preparação é tudo. Preparar o negócio, as equipas e as marcas para estes tempos e, sobretudo, para o futuro. E quanto mais forte e resistente for a arca, mais forte será a nossa organização.

Predicting rain doesn’t count. Building arks does.”
Warren Buffett

Isabel Rodrigues, diretora-geral de Marketing e Desenvolvimento Digital da Cofina Media

briefing@briefing.pt

 

Quinta-feira, 23 Abril 2020 08:37


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