A questão foi levantada na reunião pública do
executivo municipal pelo vereador social democrata Pedro Santana Lopes,
que considerou que faltou “bom senso” a uma campanha que aparece “com o
cunho da Câmara”.
Os cartazes mostram uma mulher e uma criança e a
legenda “Se a tua mãe fosse lésbica, mudava alguma coisa?”.
“O
que me fez impressão naquela campanha é o facto de ser dirigido às
crianças”, afirmou Santana Lopes, relacionando a campanha com o tema da
adoção por parte de homossexuais, não prevista na lei que aprova o
casamento civil entre pessoas do mesmo sexo, já adotada pelo Parlamento.
António
Costa argumentou, contudo, que a campanha em causa “não tem nada a ver
com a adoção” por parte de casais homossexuais. “Tem a ver com a não
discriminação e chama a atenção para o facto de, independentemente da
adoção, haver pais e mães homossexuais”, disse.
“É uma campanha
pela não discriminação, não me parece que suscite particulares
questões”, frisou o autarca.
António Costa explicou que as
estruturas da autarquia para os mupis são usadas para “mensagens
próprias do município”, para promoção de actividades culturais, quer
promovidas pela Câmara quer por outras entidades, e para “qualquer
campanha de carácter social e cívico”.
Foi neste âmbito que foram
cedidas à ILGA, explicou, “sem custos” para a autarquia na campanha. “A
contrapartida é a inclusão do símbolo do município [nos cartazes], sem
custos. O município apenas disponibiliza o espaço”, informou.
O
grupo do PSD na Assembleia Municipal de Lisboa entregou na terça feira
um requerimento questionando a Câmara sobre as condições do apoio
camarário à campanha.
Para o presidente do grupo municipal social
democrata, António Prôa, não basta apenas questionar os valores e as
condições do apoio camarário, mas também a possibilidade de a iniciativa
servir de “carta de intenção” para uma eventual tomada de posição do PS
na Assembleia da República.
“O que mais nos preocupa é o que isto
significa em termos de estarmos ou não a preparar o caminho para um
próximo passo, que é a adoção por casais homossexuais”, afirmou o
responsável, para quem a campanha remete para a defesa deste direito
“sob a pretensão de uma mensagem anti-homofobia”.
ACL/(ROC).
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Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico ***
Lusa/fim.