Contar histórias. Esta é, para Nuno Bernardo, a missão da beActive

Foi há 20 anos que a beActive iniciou a sua atividade. Contar histórias é, nas palavras do diretor da produtora, a sua principal missão, ainda que não deixem para trás a ambição de trazer as novas plataformas para o processo de criação. Nuno Bernardo faz, assim, uma retrospetiva do trabalho da empresa e afirma que estas duas décadas foram pautadas de “inovação e internacionalização”.

beActive

Briefing I Que balanço faz a beActive destes 20 anos de trabalho?

Nuno Bernardo I Esta viagem que iniciámos em 2003 ultrapassou todas as nossas expetativas mais otimistas. Não só conseguimos criar em Portugal um formato televisivo que foi vendido para os quatro cantos do mundo, como nos tornámos, em 2009, na primeira empresa nacional a ser nomeada para um prémio EMMY e até vimos um dos nossos filmes arrancar com o logo animado da Universal Pictures (o filme “The Knot” estreado no reino Unido em 2012). Ao longo dos últimos anos, tivemos o privilégio de trabalhar com algumas mais prestigiadas empresas da indústria do entretenimento, produzir filmes e séries nos Estados Unidos, Canadá, Brasil, Reino Unido e Irlanda, e ainda ver muitos dos nossos produtos a serem exibidos em dezenas de países.

Que trabalhos destacam do vosso percurso?

O “Diário de Sofia”, não só por ter sido a nossa primeira criação, mas por ter sido aquela que definiu o que viria a ser a imagem de marca da produtora – uma comunicação a 360º — apostando em novos formatos, novos media e interligando as novas tecnologias à milenar arte de contar histórias. Este projeto abriu-nos as portas ao mercado internacional e criou as bases para os projetos que se seguiram, nomeadamente “Castigo Final”, uma minissérie que produzimos no Brasil; a nossa primeira nomeação a um prémio EMMY, ao filme “The Knot” coproduzido com o Reino Unido; ou, mais recentemente, “Gabriel”, um filme estreado no festival de cinema de Locarno.

De que modo acautelam o conceito de comunicação 360º? Como se materializa?

A beActive nasceu com a missão de ser uma empresa dedicada a contar histórias, mas sempre com uma ambição de trazer as novas plataformas para este processo. Por isso, grande parte das nossas produções misturam televisão, cinema, internet, telemóveis e redes sociais. Procuramos tornar as nossas criações em conteúdos mais interativos, disponíveis nas diferentes plataformas a acessíveis aos fãs. Para nós, sempre foi importante fazer com que os espetadores fizessem parte dos mundos e universos que criamos com as nossas histórias.

O que diferencia a beActive?

Aquilo que tem diferenciado a beActive ao longo dos últimos anos tem sido precisamente essa aposta numa nova forma de contar histórias. Temos usados os desenvolvimentos tecnológicos que foram surgindo, como a internet ou as redes sociais, para trazer os espetadores para dentro da história, dando-lhes uma voz ativa no desenrolar das narrativas como aconteceu nas nossas séries “Diário de Sofia”, “T2 para 3”, ambas exibidas na RTP, mas também “Castigo Final”. Esta última série, produzida no Brasil, misturava ficção com um videojogo, criando toda uma experiência em que o espetador deixou de ser um consumidor passivo, mas passou a ser o elemento central em toda a trama.

Quais os objetivos da empresa até ao final de 2023?

Em 2023, a beActive tem duas produções já em fase de pré-produção. Uma curta-metragem “Porta-te Bem!” da realizadora Joana Alves, de quem produzimos o seu anterior trabalho, #SemFiltro, recentemente estreado na SIC Radical; e a longa-metragem “A Pianista”, um thriller passado nas planícies alentejanas. Em simultâneo estamos a desenvolver – em processo de escrita e escolha de elenco – três séries de televisão, nomeadamente “Luana: Os Sonhos Morrem Aqui”, “D. Sebastião” e “Dores Não São Amores”. Este desenvolvimento conta com o suporte financeiro do programa MEDIA / Europa Criativa e do ICA – Instituto Português do Cinema e Audiovisual. Estes são projetos que pretendemos rodar em 2024 e 2025.

Uma palavra que define os últimos 20 anos?

Se me permitem, eu escolheria duas palavras: inovação e internacionalização. A inovação porque foi sempre uma das nossas preocupações: explorar novos formatos de entretenimento e usar as tecnologias para melhor contar histórias. A internacionalização, porque sempre foi esse um dos nossos objetivos. Criar produtos em Portugal, testá-los neste mercado e depois exportá-los para os quatro cantos do mundo, algo que já fazemos desde 2005.

Onde se veem daqui a 20 anos?

A indústria do entretenimento tem sofrido grandes alterações ao longo dos últimos anos, especialmente nesta era pós-Covid. Se por um lado, cada vez mais as plataformas de streaming dominam o mercado da exibição de conteúdos, por outro as novas gerações cada vez menos ocupam o seu tempo a assistir formatos tradicionais. Os conteúdos que privilegiam são de menor duração e possuem estilos e formatos bastante diferentes da TV e do cinema. Neste sentido, a beActive pretende continuar a inovar, não só desenvolvendo produtos interessantes para o mercado de conteúdos de longa duração (filmes, séries), introduzindo novas características (interatividade) que atraiam novos fãs, mas também apostar cada vez mais em conteúdos de curta duração para estas novas plataformas. O primeiro passo dado nesse sentido aconteceu recentemente com a série Amnésia (RTP Play) onde exploramos a arte de contar histórias em episódios de quinze segundos ou menos.

Catarina Simões Farinha

Quarta-feira, 05 Abril 2023 12:22


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