Foi criada, em 2004, por um grupo de surfistas portugueses, cresceu no seio de um grande retalhista – a Sonae – e há três anos tornou-se uma marca independente, tendo sido comprada pela espanhola Scalpers, em 2023. A Deeply passou, então, por “uma grande restruturação de equipa, marca e produto”, conta o Creative Director, Tiago Lemos. O grande foco foi mudar a perceção de marca de fatos de surf e criar vários ativos que a permitam ser sustentável a longo prazo.
“O trabalho que fomos desenvolvendo captou a atenção de alguns investidores e o grupo Scalpers foi o parceiro ideal para continuarmos a expansão que tínhamos prevista para a marca. A Scalpers não pretende fazer grandes mudanças estratégicas, mas sim apoiar a estratégia de expansão que tínhamos planeado”, afirma. Ainda que continue a ter como core product os fatos de surf, a marca tem vindo a introduzir “cuidadosamente” novas linhas de produto, como uma pequena coleção de óculos de sol, e voltou a lançar uma coleção de roupa – uma aposta que segue os princípios de design que tem vindo a aplicar na construção dos fatos de surf.
“Nos últimos meses temos vindo também a trabalhar em novos acessórios técnicos que surgem para cobrir necessidades que identificamos no mercado tendo em conta a nossa experiência pessoal com o surf”, revela. Além disso, numa perspetiva mais a longo prazo, a Deeply tem vindo a desenvolver um trabalho de I&D (Investigação e Desenvolvimento) no que diz respeito à produção de fatos de surf para outros desportos aquáticos. como kitesurf, windsurf e atividades mais recentes como foil e wing foil.
A sustentabilidade é outra das apostas da Deeply, que lança duas novas coleções integralmente feitas em mineralprene. “Acreditamos no poder das pequenas ações, como tal, quando desenvolvemos os nossos produtos tentamos sempre que sejam o mais sustentáveis possível. Sabemos as limitações que existem no mundo do surf no que toca a este tema, logo, ao desenvolver um produto temos sempre em conta a qualidade dos materiais utilizados de forma a construir produtos extremamente duráveis e intemporais. Grande parte da nossa inspiração surge da nossa ligação ao Oceano e a Natureza”. O novo material surge precisamente neste seguimento. Trata-se de uma base de neoprene desenvolvida a partir de conchas de ostra reciclada com pedra calcária. Para as próximas coleções, a promessa é continua a explorar novos materiais e formas de tornar todos os produtos mais duráveis sem perder a qualidade e o conforto.
Uma marca como a Deeply, onde existe uma “ligação tão forte a um lifestyle tão cobiçado por diferentes pessoas”, encontra também uma “forte” possibilidade de expansão no que toca ao branded content, algo que identifica como uma nova vertente do negócio. Tirando partido do media house interno, consegue criar diferentes produtos de media onde incorpora marcas de maneira “subtil”, em conteúdos de entretenimento relacionados com o surf e a sua ligação com a natureza. Promete, pois, ainda este ano, lançar uma “parceria bastante forte neste mercado”.
A nível de negócio, os objetivos, para este ano e para o próximo, são “ambiciosos”: expansão no mercado italiano e alemão e consolidação do mercado português e espanhol. “Continuaremos sempre a dar prioridade ao nosso propósito e à autenticidade de marca, procurando aproveitar todos os ativos criados até à data”, comenta o Creative Director.
Sofia Dutra