É engenheiro biológico de formação. Trabalhou em investigação em biologia computacional. E é fascinado pelo universo da ciência, do ser humano e da criatividade. Com este perfil não se suspeitaria que Nuno Tenazinha viesse a criar uma agência criativa. Mas fê-lo, em 2014, como uma evolução natural daquilo que tinha começado, quatro anos antes, como passatempo: a sua carreira enquanto webdesigner freelancer. A ele juntou-se a designer gráfica Sandra Lopes. “Foi assim que passámos de amigos de infância a sócios numa empresa, a desbravar território completamente desconhecido, mas sempre com muita garra para levar este projeto em frente”, conta.
Um computador, software e cerca de cinco mil euros bastaram para iniciarem a atividade no escritório da sua casa. Um ano depois, alugavam um escritório no coração da Baixa de Faro, o qual “tem estado em constante expansão”.
Nuno Tenazinha é apaixonado pela cultura japonesa e isso é evidente desde logo no nome da agência. KOBU é a raiz do verbo japonês “kobusuru”, associado à ideia de inspirar, motivar. Representa numa palavra aquilo a que – acredita – o design deve aspirar: inspirar o ser humano enquanto resolve problemas específicos no seu dia a dia, seja no meio offline ou digital”. Gosta de apresentar a KOBU como um laboratório de design e experiências digitais. Nestes cinco anos de existência, tem vindo a desenvolver atividade em três áreas vetores: estratégia, execução e otimização, atravessando várias áreas dentro das indústrias criativas (design gráfico e digital, tipografia e caligrafia personalizada, UI/UX, web development, marketing digital, produção de conteúdo, fotografia, vídeo, etc.). “Gostamos, acima de tudo, de pensar e criar marcas estruturadas”, revela.
Do primeiro trabalho, esse, lembra-se “perfeitamente”. Aconteceu pouco depois de abrir a agência, no final de 2014, e foi elaborado em parceria com uma agência em Londres, a Heavy London. Tratou-se de um showroom digital para a marca de um fashion designer londrino, a KTZ.
De lá para cá – e graças à localização, diz –, a agência tem tido a oportunidade de explorar muitas marcas relacionadas com a hotelaria de luxo. “Trabalhamos diariamente, no offline e no digital, marcas como Tivoli Hotels & Resorts, Pine Cliffs, Luxury Collection Resort, Anantara Vilamoura, Sheraton Cascais Resort, Ombria Resort, sendo que algumas estão já connosco há sensivelmente três anos”, concretiza. Em janeiro, assumiu a conta da marca Tivoli Hotels & Resorts a nível nacional, acumulando, assim, com as várias unidades hoteleiras no Algarve com que trabalha há cerca de dois anos. A agência tenta, porém, sempre que possível, diversificar a carteira de clientes. Trabalha, assim, na área da cultura com o Teatro Nacional de São Carlos e a Companhia Nacional de Bailado; na área da saúde e tecnologia com a startup HeartGenetics, o Instituto de Engenharia Mecânica do IST e a fintech Finastra. Mas também com o MAR Shopping Algarve, com as Águas Monchique e, mais recentemente, com a marca de moda sustentável KOZII.
Nestes cinco anos de trabalho, Nuno destaca – pela dimensão e pelo desafio – o projeto do Ombria Resort, a que estão ligados desde janeiro do ano passado. Alia o turismo à sustentabilidade e à conservação da serra algarvia e a KOBU tem colaborado “intensamente” com o departamento de marketing para consolidar as guidelines de comunicação visual da marca, desenhar o novo website, conceber rotundas e sinalética, criar infográficos animados e desenvolver packaging para produto. “Tem sido altamente estimulante”, comenta.
Já pelo divertimento e pela criatividade salienta o trabalho para o LAB Terrace, um terraço em Faro, que se transforma anualmente e onde a agência tem “liberdade criativa total”.
O trabalho tem sido diversificado também a nível geográfico. No ano passado, a agência começou a desenvolver as marcas de duas startups tecnológicas, uma no Reino Unido e outra na Alemanha, bem como o website para uma consultora em Omã, a NewMetrics.
“Os primeiros trabalhos para clientes internacionais surgiram de Londres como resultado da nossa parceria com a Heavy London e eram principalmente focados no desenvolvimento de soluções de e-commerce para marcas de designers de moda”, conta.
“Temos vindo a crescer sem pressas, mas de forma constante e muito sustentadamente”, afirma, observando o “ritmo alucinante” vivido em 2018. A equipa duplicou de tamanho – para 15 – e os projetos sucederam-se “muito rapidamente”. Apesar disso, nota, conseguiram “manter um grupo coeso de pessoas”, que partilham a mesma visão de futuro… e o veganismo. “Somos uma amostra daquele grupo vulgarmente apelidado de millennials e existem características curiosas como o facto de 40% da equipa ser vegan”, revela.
Para este ano, o objetivo é “limar arestas, e afinar processos internos”, ao mesmo tempo que consolidam o posicionamento. Em 2018, a empresa ultrapassou a barreira dos 300 mil euros de faturação e para 2019 prevê crescer entre 30 a 35%. A nível de expansão, a agência quer continuar a trabalhar com clientes internacionais e pondera mesmo a deslocação para outros locais.
A curto prazo, a KOBU está a lançar as bases para uma “série de novidades”. “Terminámos agora de preparar um estúdio de fotografia e vídeo na agência que nos criará condições para potenciar a produção de conteúdo digital que já temos vindo a fazer. Ainda durante o primeiro semestre vamos também apresentar um novo projeto relacionado com tipografia customizada”, anuncia.