Fizemos o Download do SXSW

Estará o mundo a viver uma crise de identidade e de criatividade? O futuro já está a acontecer e o SXSW deu a conhecer as tendências visionárias em Austin, nos Estados Unidos da América. Esta manhã, no NOVA Innovation & Analytics Lab, foi a vez de Lisboa apresentar os insights em “Tecnologia, mobilidade e sustentabilidade: O futuro em movimento”. O “Download SXSW” é uma iniciativa do Institute for Tomorrow e da Briefing, em parceria com a NOVA IMS.

Fizemos o Download do SXSW

E se as decisões que tomarmos na próxima década definirem o destino da humanidade? Foi esta a pergunta que deu o mote à sessão, conduzida pelo fundador e CEO do Institute for Tomorrow, João Baptista, que começou por dar os principais insights do SXSW 2025. “Falar de futuro parece fácil. Há muitos futurologistas a fazer previsões, mas a tecnologia encurta o espaço. Por isso, é preciso ter cuidado”, afirmou o também co-Host do podcast TomorrowCast.

O desafio vai além de entender o impacto da tecnologia na solidão – importa, sim, saber como usá-la para fortalecer conexões reais; marcas e empresas que tiverem como pilar o bem-estar social e que valorizem as interações humanas estarão à frente; e a tecnologia já ultrapassou os limites do que se conhece e criou um novo paradigma de inovação. “Resta-nos garantir que os avanços sejam utilizados para o bem coletivo”, defendeu.

Quando se fala de tecnologia, o repto é que a Inteligência Artificial (IA) não pode ser tratada como ferramenta, mas como transformação – ela não substituirá trabalhadores, mas redefinirá carreiras e exigirá novas formas de colaboração; a computação quântica vai acelerar modelos de IA, possibilitando análises de dados mais rápidas e eficientes; e a indústria do entretenimento precisa de estar atenta às duas frentes essenciais para o sucesso das suas empresas e plataformas – experiências imersivas e inovadoras, e conteúdo autêntico para envolver a audiência.

Uma preocupação transversal ao grupo de convidados da sessão foi o impacto ambiental das novas tecnologias. O coordenador de Economia Circular e Ambiente do Pólo de Inovação em Engenharia de Polímeros (PIEP), Bruno Silva, levantou a questão das alterações climáticas e dos recursos finitos da Terra, bem como se os humanos têm capacidade para acompanhar a rapidez da evolução tecnológica. Segundo a Marketing & Communications Director da Transdev, Joana Feiteira, “há a perceção de que as pessoas não conseguem, de facto, acompanhar a tecnologia”.

Por sua vez, o Marketing Operations da Volvo Car Portugal, Luís Santos, manifestou a preocupação de os seres humanos serem colocados de lado. Também Bruno Silva defendeu que as pessoas serão sempre importantes na criação de conhecimento, questionando como será a problemática da responsabilização e do direito. Já o Director Marketing Communications da Helexia, João Guerra, lembrou que o ideal é que os agentes de IA trabalhem em simbiose com as pessoas, libertando-as de certas tarefas. O consultor João Torneiro acrescentou que é “fundamental” passarmos da IA para a inteligência autêntica, a da humanização: “Há uma excitação com a IA, mas é muito má a trabalhar os dados e não tem estratégia, traz riscos”.  A Marketing Director & External Communication do Greenvolt Group, Inês Palhoto, observou que “a IA não é criativa, é repetição de dados, é informação repetida”, adiantando que há, por outro lado, pessoas que querem, cada vez mais, falar com chatbots. João Guerra refletiu que “a riqueza está, exatamente, em levantar questões-chave e é daí que se começa a transformar. Por exemplo, será que o espaço das aulas é o melhor para aprender?”. “A riqueza está nas perguntas e não nas respostas”, concordou João Torneiro.

No que respeita ao tema da mobilidade, as tendências são: o sucesso da mobilidade aérea pessoal depende de um modelo prático e acessível; a experiência do utilizador deve ser intuitiva, clara e segura – a sensação de confiança precisa de ser o ponto de partida; e a tecnologia já está pronta, mas a sua adoção dependerá do equilíbrio entre inovação, regulamentação e aceitação social.

“Ao nível da tecnologia, a diferenciação no futuro vai ser muito pouco visível nos automóveis. E isto dos automóveis também é muito cultural; por exemplo, na Ásia, a preferência e a relevância da tecnologia são nativas – eles têm mesmo apetência para a tecnologia”, entendeu Luís Santos. João Guerra adiantou: “Os automóveis já são vistos como um gadget. Os mais jovens já os consideram smartphones em movimento”.

Mas o futuro só será futuro se pensarmos em sustentabilidade, o terceiro e último tema debatido neste primeiro “Download SXSW”. Nesta área, as empresas e países que liderarem essa transição terão vantagem competitiva no novo mercado de descarbonização global. Também a remoção de carbono não é mais uma opção, mas uma necessidade urgente para garantir um planeta habitável para as próximas gerações. E as soluções tecnológicas precisam de investimentos massivos para se tornarem economicamente viáveis.

Carolina Neves, Simão Raposo e Sofia Dutra

Quinta-feira, 03 Abril 2025 12:40


PUB