“O Made in Portugal é um atributo cada vez mais valioso. porque dentro de cada um de nós há um sentimento de orgulho por aquilo que é nacional e que nos representa. É algo que se faz sentir no desporto, nas artes, e também nas marcas. Já lá vai o tempo em que só reconhecíamos qualidade no que era criado e feito no estrangeiro”, destaca o diretor desta academia especializada em cursos de criatividade, design e comunicação.
Gabriel Augusto salvaguarda, igualmente, que o reconhecimento além-fronteiras deu também um impulso imprescindível para que se prestasse mais atenção às marcas nacionais. “E se é algo que contribui para a economia nacional, melhor ainda”, frisa. No entanto, diz acreditar que o “Made in…” não é automaticamente sinónimo de qualidade, independentemente do país ou da região que se associa à expressão, porque a origem não é critério único para o efeito. Exemplifica que, mesmo no que diz respeito à produção agrícola, que tanto depende da localização geográfica e do clima, não se pode ignorar a importância da forma como a atividade é explorada, a sua distribuição.
“O importante aqui é que ´Made in Portugal´ não é sinónimo de falta de qualidade, abrindo-se a oportunidade para que cada consumidor, e o mercado em geral, possa fazer a sua avaliação com base no que é realmente importante. E, com isto, as marcas portuguesas podem competir, neste âmbito, em pé de igualdade com todas as marcas estrangeiras”, sustenta. Gabriel Augusto sublinha, neste contexto, que a perceção de qualidade relativamente às marcas portuguesas tem vindo a crescer lá fora, estendendo-se, de alguma forma, a todos os setores de atividade. Destaca, por uma questão de interesse pessoal, a moda, brinquedos, decoração/mobiliário, tecnologia (nas suas mais diversas atuações) e educação/formação. “Neste último caso, penso que quem não atua no setor pode desconhecer o volume de profissionais e de estudantes estrangeiros que procuram em Portugal resposta para o desenvolvimento de competências. A pandemia e a consequente necessidade de transformação digital na forma de ensinar têm permitido o acesso a qualquer interessado, independentemente da sua localização geográfica, com a mesma qualidade como se se tratasse de uma experiência presencial”, garante.
Internamente, o “Made in Portugal” tem ganho cada vez mais expressão, tanto pela sua qualidade, como pela vontade de apoiar a economia nacional. “Acredito, também, que a pandemia se demonstrou como um acelerador desta tendência com o encerramento de fronteiras em alguns setores específicos”, acrescenta. Questionado, por outro lado, sobre o que falta às empresas portuguesas para brilharem nos mercados internacionais, Gabriel Augusto declara que o reconhecimento deriva da qualidade que, por sua vez, exige investimento nas pessoas, na inovação e no conhecimento. Mas, frisa, não chega ter um produto ou uma marca de qualidade para se destacar nos mercados internacionais. É, também, necessário saber como fazê-lo, estratégica e taticamente. “E é aqui que o talento nas áreas da criatividade e do marketing pode ter um papel fundamental. Podemos identificar facilmente excelentes exemplos de empresas portuguesas que se destacaram nos mercados internacionais, e tantas outras que, mesmo com produtos ou serviços de qualidade inquestionável, se mantêm em níveis de reconhecimento aquém do esperado”, especifica.
Sobre a importância da formação em português nas áreas da criatividade e do marketing, o diretor da FLAG defende que, tanto nestas como em quaisquer outras, é dos investimentos mais certeiros que qualquer profissional ou organização pode fazer a fim de impulsionar a sua competitividade no mercado. Seja numa perspetiva de desenvolvimento de novas competências complementares que permitem alargar o espectro de atividade e/ou serviços; de atualização de conhecimentos para melhor responder às alterações do mercado; ou com o objetivo de especialização para se destacar na sua área de atuação. “Especificamente nas áreas da criatividade e do marketing, a formação destaca-se como um excelente complemento para se manter relevante. Surgem diariamente novas abordagens e formas de atuar, novos canais e formatos de comunicação, novas ferramentas e tecnologia, que sustentam o trabalho realizado nestas áreas e que exigem uma atualização contínua de competências”, adianta.
A principal constante neste mercado, assegura, é que tudo evolui diariamente e, acima de tudo, o mercado e a audiência de amanhã serão certamente diferentes e mais exigentes do que os do dia anterior. “E porque cada mercado apresenta desafios, necessidades e abordagens específicos (derivados de questões culturais, sociais, ideológicas, etc.), a formação em português, e ministrada por quem conhece e vive a realidade portuguesa, faz a diferença para quem pretende atuar nesse mercado”, frisa. Gabriel Augusto reconhece, ainda, que o talento nacional nestes domínios é imenso e diversificado. Representa-se não só nos profissionais que atuam no mercado nacional, independentemente da sua nacionalidade, como também pelo talento português que dá cartas pelo mundo fora, sendo mais do que muitas as provas que demonstram a qualidade do talento nacional.