Briefing | A FSAC comemora 25 anos. Quando olha para trás, qual foi o momento mais decisivo para a agência?
Susana Fialho | Ao longo de 25 anos, vivemos muitos momentos transformadores, mas se tivesse de eleger um ponto de viragem, seria o momento em que deixámos de ser vistos apenas como uma agência criativa com forte especialização em Pharma e afirmámos uma ambição maior: tornarmo-nos uma estrutura estratégica, capaz de operar com profundidade em vários setores, sem abdicar daquilo que nos tornava diferentes.
Essa decisão não foi imediata, nem ruidosa. Foi pensada com rigor e executada com coragem. Implicou reavaliar processos, investir em talento sénior, reestruturar áreas-chave e, sobretudo, manter a consistência entre aquilo que sempre fomos e o que queríamos ser. A nossa transição para uma agência full-service não foi um desvio, foi uma evolução natural – sustentada na convicção de que o nosso know-how era demasiado valioso para ficar confinado a um só universo. A diversificação nunca foi um sprint – foi um processo de amadurecimento. Antes de ampliar serviços, ampliámos competências. Antes de entrar noutros setores, consolidámos conhecimento, trouxemos perfis estratégicos e construímos pontes com clientes que acreditaram na nossa visão.
A mudança reposicionou-nos no mercado, abriu-nos a marcas de setores como FMCG, HORECA, Educação ou Tech, e permitiu-nos criar projetos mais integrados, mais relevantes e com maior impacto.
Esse foi o verdadeiro momento decisivo: quando percebemos que não bastava acompanhar o mercado – era preciso antecipar, desafiar e liderar. E foi ao fazer esse movimento, sem perder a alma, que transformámos os 25 anos da FSAC não num ponto de chegada, mas num novo ponto de partida. Um recomeço com visão, com propósito – e com muito para construir.
Qual é a visão estratégica por detrás de toda esta expansão e que tipo de projetos pretende liderar no futuro?
A nossa visão estratégica assenta num princípio simples, mas exigente: crescer com foco, sem perder a bússola identitária que nos trouxe até aqui. Reforçar a equipa com perfis seniores, versáteis e orientados para o impacto permite-nos alargar a ambição dos projetos que lideramos, sem comprometer a consistência da nossa entrega.
Estamos a construir uma estrutura ainda mais capaz de pensar e executar em múltiplas dimensões – do branding à ativação, do digital ao ponto de venda, da narrativa institucional à criação de experiências que constroem cultura de marca. A entrada mais robusta em setores como FMCG, HORECA e Educação não representa uma rutura, mas sim a evolução natural de quem tem maturidade estratégica e know-how operacional para atuar em mercados dinâmicos, com exigências reais e margens estreitas.
O tipo de projetos que queremos liderar são aqueles que nos desafiam a pensar com profundidade e a executar com precisão. Projetos onde a marca, o negócio e a cultura se entrelaçam. Projetos que pedem mais do que campanhas – pedem visão, coragem e capacidade de entregar experiências memoráveis que geram tração no mercado.
É esse o caminho que queremos continuar a trilhar: com solidez, relevância e ambição partilhada.
Num setor tradicionalmente masculino, como é, enquanto mulher, afirmar-se como fundadora e líder? Quais foram os maiores desafios e como é que isso moldou a cultura da agência?
Afirmei-me como líder num tempo em que poucas mulheres ocupavam cargos de direção no setor da Comunicação – e ainda menos fundavam agências. O termo “CEO” não era pensado no feminino e, muitas vezes, era preciso mais do que competência para se ser levada a sério: era preciso consistência imbatível, escuta afinada, decisões firmes e resultados que falassem por si.
Nunca me faltou coragem para ocupar o meu lugar, mas também nunca ignorei o peso de ter de provar, tantas vezes, que esse lugar era meu por mérito. Esse percurso moldou a cultura da FSAC de forma definitiva. Criámos uma agência onde a autoridade não se impõe – constrói-se. Onde o talento não tem género, idade, nem moldes predefinidos. Onde liderar significa tanto saber orientar, como saber ouvir. Hoje, temos uma equipa plural, intergeracional, com mulheres em posições-chave, mas, sobretudo, com pessoas que compreendem o valor de uma liderança que equilibra firmeza e empatia. A cultura da FSAC nasceu dessa visão: a de que impacto se constrói com voz própria, mas também com espaço para outras vozes crescerem.
Essa forma de estar não é só um reflexo do meu percurso, é o que nos permite continuar a evoluir com identidade e consciência. E talvez o maior sinal de que vencemos esse desafio seja este: na FSAC, não falamos de liderança no feminino, falamos de liderança, ponto.
Como criaram relações duradouras e de confiança com os clientes, ao longo de 25 anos, mesmo em tempos de mudança acelerada?
Relações duradouras não se constroem com soluções rápidas, nem promessas vazias. Constroem-se com presença, consistência e um compromisso genuíno com o sucesso do outro. Desde o primeiro dia, escolhemos ser mais do que fornecedores – posicionámo-nos como verdadeiros parceiros estratégicos. Estivemos ao lado dos nossos clientes em ciclos de crescimento, mudanças de direção, fusões, rebrandings, crises económicas, disrupções tecnológicas e, claro, numa pandemia global.
O que nos permitiu atravessar tudo isso juntos foi uma postura de escuta ativa, entrega com conhecimento e uma capacidade invulgar de adaptação sem perder o norte. Cultivamos relações que não vivem apenas do resultado imediato, mas da confiança construída em cada resposta dada, em cada proposta enviada, em cada entrega cuidada como se fosse a única.
Ser um prolongamento do departamento de marketing de um cliente exige mais do que competência técnica – exige empatia, alinhamento e responsabilidade partilhada. É preciso estar, mesmo quando é difícil.
No âmbito da sustentabilidade empresarial, como é que a FSAC se reinventa, acompanha tendências e diversifica, sem perder a identidade?
Reinventar-se não é abdicar da identidade – é afiná-la, aprofundá-la e recontextualizá-la face às transformações do mundo. Para nós, a sustentabilidade empresarial não vive apenas nos temas que comunicamos, mas nas estruturas invisíveis que sustentam a agência: na forma como gerimos talento, cultivamos relações de longo prazo e entregamos valor real aos nossos clientes.
Acompanhamos as tendências com escuta ativa, pensamento crítico e curiosidade estratégica. Formamos equipas plurais, integramos novas competências e procuramos expandir a nossa presença em territórios onde a comunicação possa gerar impacto tangível – seja na mudança de comportamentos, na afirmação de culturas de marca ou na construção de ecossistemas mais equilibrados. Mas recusamos a tentação do ruído. Nunca diluímos a nossa essência em nome do que está na moda.
A FSAC continua a ser uma agência que pensa antes de falar, que transforma antes de seguir. Cada nova valência que incorporamos, cada setor onde nos aventuramos, é uma extensão natural daquilo que nos define: criatividade com propósito, estratégia com substância e execução com sentido. É essa fidelidade ao que nos diferencia que nos permite crescer com consistência – e com consciência.
Quais as perspetivas a curto/médio prazo?
A curto prazo, o nosso foco passa por crescer com consistência e consolidar aquilo que nos distingue: uma abordagem integrada, estratégica e orientada para a conversão. Queremos reforçar competências, atrair talento que nos desafie intelectualmente, e estabelecer parcerias com marcas que vejam na comunicação uma alavanca real de diferenciação e performance.
A médio prazo, o caminho é claro: continuar a afirmar a FSAC como uma agência capaz de pensar marcas com profundidade, executar com rigor e entregar impacto tangível. Queremos expandir presença em setores onde a nossa visão holística de branding, ativação e cultura de marca possa gerar valor duradouro – e não apenas awareness momentâneo.
Estamos preparados para crescer ao lado de marcas que, mais do que campanhas, aspiram a resultados mensuráveis, coerência estratégica e a uma comunicação que transforma o mercado, a perceção e o posicionamento.