Mas, para este mal, há uma solução: a inclusão de estratégias de comunicação dirigidas aos jovens, em ambientes digitais, no marketing político, de forma clara, planeada e competente.
Não devemos usar as redes sociais apenas para divulgar ações do dia a dia, discursos em eventos, inaugurações ou imagens de campanhas nas ruas, como uma forma de comunicação tradicional, mas mais dinâmica. É preciso desenvolver conteúdos específicos para os ambientes virtuais onde os jovens estão: o Instagram, o Tik Tok, o YouTube e também as primeiras manifestações do metaverso, que são os games em grupo.
Atualmente, poucos líderes políticos e partidos têm uma presença planeada e competente nas redes. Faça agora um exercício e veja as timelines de alguns. Em geral, estão lá as visitas, os discursos, a cobertura da imprensa. De conteúdo específico para as redes sociais, quase nada!
É, claramente, uma incapacidade das lideranças políticas e de parte dos responsáveis pela comunicação de entender que, para que os projetos políticos possam ser relevantes, eles têm que conversar com as pessoas a partir do que elas pensam e de como elas se comportam, e não querer fazer com que elas sejam “educadas” para interagir com a política.
Por isso, as definições do marketing, a partir dos clássicos, precisam de ser revisitadas. Sem que pensemos no equilíbrio, na compreensão das necessidades, dos desejos e dos potenciais dos públicos, além da sua relação com os projetos, não vamos conseguir fazer com que os mais jovens se aproximem da política e queiram participar nela.
Temos que olhar para os objetivos de longo prazo de cada projeto político e alinhá-los de acordo com as observações dos ambientes, compreendendo que a política interage com eles, modificando-os e sendo modificada.
Mais do que nunca, precisamos das ferramentas de análise, da observação de forças, fraquezas, oportunidades e ameaças, além das possibilidades de construção de cenários futuros com tecnologias que estão a começar a fazer parte da vida dos profissionais que fazem comunicação política.
Porque é apenas a partir da análise competente que se dá a comunicação que conta histórias, que participa na vida dos usuários, sejam eles consumidores ou cidadãos na relação com a democracia.
Devemos entender que não é a comunicação inusitada, feita de forma isolada, que vai trazer a relação dos novos públicos com a política. Se pensarmos dessa forma, teremos algum impacto no momento das eleições e mais nada.
Para que a democracia se fortaleça e as pessoas queiram participar, são essenciais as relações de longo prazo, com conteúdos diários e próximos, nas ruas, mas também nas redes.
Deixo aqui a reflexão, numa altura em que nos aproximamos de mais um processo eleitoral. Será que é desta que os comportamentos mudam?
Kleber Carrilho, coordenador do programa em Marketing Político e Comunicação Digital do IPAM