O consultor de comunicação não tem ego. Luís Paixão Martins sabe do que fala

“O consultor de comunicação não tem ego. Numa campanha eleitoral, o seu papel é dar poder ao candidato.” Esta é a visão de Luís Paixão Martins, fundador da consultora LPM, partilhada esta segunda-feira, ao final do dia, no lançamento do seu mais recente título, “Como perder uma eleição”.

O consultor de comunicação não tem ego. Luís Paixão Martins sabe do que fala

Justificando as suas próprias palavras, Luís Paixão Martins, realçou que compete ao consultor “produzir inputs, informações, dados”, mas também “persuadir e fazer com que os outros tomem decisões”.

Um papel muito diferente no intervalo de tempo das três campanhas eleitorais que retrata no livro – a de José Sócrates, em 2005, a de Aníbal Cavaco Silva, um ano depois, e a de António Costa, em 2022. É que na última entrou em campo o fator tempo, cuja pressão “obrigada a que o candidato seja uma espécie de diretor da sua campanha”.

Sendo o livro o testemunho da sua experiência prática, o decano da consultoria em Relações Públicas portuguesa começou por contextualizar que o papel do consultor de comunicação numa campanha está envolto numa “série de equívocos”, que se propôs desmontar.

Assim, na sua perspetiva, “uma campanha eleitoral é, no fundo, uma campanha de comunicação política”, que implica duas ciências do conhecimento – a ciência da política e a da comunicação. “Numa equipa de direção estratégica de campanha, facilmente compreenderão que não me competia a mim fazer a despesa da ciência política. Não é por aqui que um consultor contribui. E, mesmo na ciência da comunicação, estamos a falar de pessoas cuja relação com a opinião pública e com os fazedores de opinião é constante, profissional e antiga”, comentou.

“O que levei para as equipas com as quais trabalhei?”, questionou. E a resposta é “a matemática”, porque, numa campanha”, “alguém tem de se preocupar com os estudos, com as sondagens”. A propósito, esclareceu que, no livro, se refere a sondagens, mas no sentido do tratamento mediático que lhes é dado.

Na sua ótica, aquilo que um consultor externo independente leva para uma equipa de campanha é uma capacidade de intervenção, procurando acrescentar, às ideias políticas e às ideias de comunicação, uma relação com os eleitores.

“Costumo dizer, e é verdade, que ninguém me paga para saber a minha opinião. Pagam-me porque acham que eu consigo perceber melhor a opinião dos eleitores, o que é completamente diferente. Não faço comentários, faço sobretudo análise”, afirmou.

Tendo como palco o Âmbito Cultural do El Corte Inglés Lisboa, o lançamento do livro, o primeiro de um autor português com a chancela da editora Zigurate, de Carlos Vaz Marques, foi acompanhado do comentário de três jornalistas que acompanham a atualidade política: Ângela Silva, jornalista do Expresso; Mafalda Anjos, diretora da Visão; e Ricardo Costa,  diretor da SIC.

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Terça-feira, 31 Janeiro 2023 12:09


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