O que é que a Quinta da Boeira tem? Dois novos vinhos e o Port Club a caminho

A Quinta da Boeira vai abrir, no próximo ano, o Boeira Port Club, uma pousada de luxo que está a ganhar vida num palacete do século XIX, em Vila Nova de Gaia. O objetivo é acrescentar valor à marca de vinhos.

O que é que a Quinta da Boeira tem? Dois novos vinhos e o Port Club a caminho

O anúncio foi feito pelo administrador da empresa Albino Jorge, no contexto do lançamento de dois novos vinhos, o Porto Vintage 2021 e o Porto 50 anos. Com um investimento estimado de 700 mil euros, o Boeira Port Club incluirá, além dos quartos, um salão para eventos com capacidade de 80 a 100 pessoas, bem como um túnel que conduzirá ao armazém onde são envelhecidos os vinhos.

Foi em 1997 que nasceu o que é atualmente o projeto Quinta da Boeira, mas a história da propriedade remonta a 1847 quando Manuel da Rocha Romariz regressou do Brasil, onde estava emigrado, “com uma pequena fortuna”, tendo comprado os terrenos. Como ainda queria trabalhar – tinha 50 anos – construiu um armazém contíguo e dedicou-se à exportação de vinho do Porto.

Mas, com a sua morte, os descendentes desfizeram-se do património, que foi dividido. Em 1997, com a morte das proprietárias, a quinta ficou devoluta e ao abandono, acabando por ser colocada de novo no mercado. Albino Jorge conta que foi o padre Freitas, então diretor do Colégio dos Carvalhos, que o alertou para a situação e desafiou a tomar nas suas mãos a propriedade, para a salvar do destino anunciado de ser transformada num condomínio.

Foi assim que o atual administrador se decidiu a reunir amigos – são dez – e a formar uma sociedade. Desenharam um projeto em cinco fases, de que a primeira foi transformar as cavalariças e as estufas num salão polivalente, de modo a rentabilizar a propriedade.

A segunda fase foi a recuperação do palacete – que agora acolhe os escritórios da empresa. Ao mesmo tempo, colocava-se a necessidade de atrair turistas. Estando na parte alta de Gaia não era fácil, mas Albino Jorge persistiu: nasceu, assim, uma garrafa de 32 metros de comprimento e dez de diâmetro, em cujo interior existia uma sala de provas com projeção de filmes em 3D. “Funcionou muito bem alguns anos”, recorda. Ainda hoje está na quinta e simboliza a terceira fase deste projeto.

A quarta consistiu na compra do armazém contíguo, na sequência da falência da empresa têxtil que o detinha, para regressar à sua função original: a exportação de vinho do Porto. Para esse efeito, os administradores da Boeira contactaram produtores do Douro com stock, começando, assim, a comercializar os vinhos, com foco nas categorias especiais. “O sucesso aconteceu”, comenta Albino Jorge.

A construção do hotel – o Boeira Garden Hotel Porto Gaia – deu cumprimento à quinta fase. São 119 quartos e cinco suites.

Mas, conta o administrador, “estando no Douro a comprar vinhos velhos e com muita qualidade, colocou-se a questão da quinta”. Os dez amigos compraram uma, em Cotas, Alijó, “com condições de vinha excecionais”.  Tendo Helena Teixeira como enóloga, as primeiras experiências vínicas neste planalto a 530 metros de altitude começaram em 2021, delas resultando um vinho que haveria de ser certificado pela OIV – Organização Internacional do Vinho e da Vinha. É o Porto Vintage 2021: 3500 embalagens, de três garrafas cada, mas “não chega para os principais mercados”. A Quinta da Douro exporta para 25 países, tendo adicionado recentemente o Vietname a esta lista. Já do Porto 50 anos existem 500 garrafas.

Fátima de Sousa

Quinta-feira, 23 Novembro 2023 12:40


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