O que o Fyre Festival nos ensinou sobre marketing de influência

O festival que nunca aconteceu. Foi assim que o Fyre Festival ficou conhecido, depois do enorme sucesso de promoção obtido através dos influenciadores digitais e do grande fiasco ao nível da organização. Há inúmeras lições a retirar desta situação, mas as que destaco estão relacionadas com o marketing de influência.

 

Sejam transparentes. Apesar de estarem a ser pagos para o fazer, muitos dos influenciadores digitais que promoveram o Fyre Festival não utilizaram a referência “#ad”, o que fez com que os seguidores acreditassem que a recomendação era orgânica. Em relação a este ponto, há uma tendência cada vez maior para que os influenciadores sejam claros e transparentes em relação aos conteúdos que partilham e, se estão a ser pagos para o fazer, os seguidores têm o direito de serem informados.

Trabalhem com micro influenciadores para construir confiança e autenticidade. É comum pensar-se em celebridades sempre que se pensa em influenciadores digitais, mas há também micro influenciadores que podem ser tão ou mais poderosos do que as celebridades. Têm um elevado engagement com a sua rede de seguidores e são altamente eficientes a construir rapport na interação com a audiência, o que pode gerar um ROI muito atrativo, com uma eficácia igualmente elevada.

Estabeleçam uma parceria a longo prazo com os influenciadores e façam-nos sentir-se embaixadores. Um dos fracassos notáveis do Fyre Festival foi os influenciadores terem sido pagos para fazer publicações one shot, o que potenciou o facto de muitos desconhecerem o que estava por detrás do projeto. É fundamental que as marcas construam uma relação de confiança com os influenciadores, aumentando assim a autenticidade com que partilham os conteúdos. Não basta parecer fã da marca. É preciso ser fã da marca.  

Ou seja, criar uma campanha, ao contrário do que McFarland efetivamente fez, não passa por pagar uma publicação a vários influenciadores. Para ser bem-sucedida, uma estratégia digital passa pela escolha ponderada destes profissionais de acordo com os conteúdos que queremos promover e os públicos que queremos impactar. Por vezes, é mais vantajoso optar por influenciadores com menos visibilidade, se isso for ao encontro dos nossos objetivos de comunicação, através dos nichos com que trabalham. Posteriormente, não basta promover, é necessário criar uma relação e continuidade das caras associadas à marca. Só assim se torna possível construir uma relação de confiança para com os seus públicos.

Sem dúvida que o Fyre Festival foi a risada de alguns, o desespero de outros e ainda, para outros também, pode ser uma aprendizagem.

Sandra Alvarez, managing director da PHD Portugal

briefing@briefing.pt

 

Segunda-feira, 25 Fevereiro 2019 11:51


PUB