O TEDxLisboa foi lançado em Portugal por Cristina Marques da Silva, em 2010. “Na altura, o TED era um evento de outra galáxia – novo, inovador – onde a inteligência, as ideias e os visionários ganharam um tapete vermelho”, lembra a organizadora e curadora do TEDxLisboa, Marta Gonzaga. “A forma como se comunica com as audiências mudou para sempre”, garante, revelando que vinha de outros TEDx – Porto, Óbidos, Kids e Luanda – e herdou a licença do segundo organizador do TEDxLisboa, Pedro Varela.
“Voltei no pós-Covid, após seis anos de ausência do TEDxLisboa, para uma cidade, um País, que tinham mudado drasticamente”, conta. “Lisboa fala muitas línguas, as fronteiras esbateram-se, e era inevitável dar o salto para acolher essa mudança”. Os temas tornaram-se mais universais, tal como os oradores, e o evento passou a ser bilingue – português e inglês – com interpretação simultânea para ambas as línguas e interpretação de língua gestual portuguesa.
Os temas estrela do TED – Tecnologia, Entretenimento e Design – mantêm-se 15 anos depois. Em Portugal, no início, talvez tenha havido um grande foco na educação – “estávamos ávidos de modelos inovadores de ensino: escolas do futuro, escolas da floresta, home schooling, entre outros formatos”. “Queríamos exemplos e a adoção de novos modelos, e o público queria a confirmação de que caminhos diferentes não só eram aceitáveis como legítimos. Foi inspirador e muito transformador”, afirma.
O público de Lisboa era maioritariamente composto por estudantes, e as talks eram em português. A receção do público e da imprensa foi “extraordinária – toda a gente queria participar”, diz. A partir do momento em que o TED disponibilizou as conferências gratuitamente no YouTube, a democratização do conhecimento deu um salto. O TEDxLisboa posicionou-se do lado da educação, com uma audiência maioritariamente estudantil e palestras exclusivamente em português.
Ao longo dos anos, o âmbito diversificou-se, e hoje todos os temas são aceites – ciências sociais, histórias pessoais – desde que possa inspirar, ensinar e transmitir algo que mereça ser partilhado. “O que se mantém central é o conceito da ideia no centro”, realça, apontando a marca do curador como o fator diferenciador nos temas de cada edição. Em voga estão as grandes questões sociais, como a sustentabilidade e a transição energética. Temas como a saúde mental, a inclusão e o amor são também “cada vez mais relevantes”. “O medo das guerras, sobretudo as de grandes proporções, ocupa um espaço crescente na consciência coletiva. A coragem, por sua vez, é um denominador comum – seja na inovação, na tomada de decisões ou na reinvenção pessoal e profissional”.
O que não mudou muito foi a presença do digital e da imprensa no evento, de que “sempre viveu”. Desde o início, as redes sociais e os media tradicionais foram os principais canais de comunicação. Inicialmente, a aposta estava no Facebook, LinkedIn, Twitter e e-mail. Com o tempo, novas plataformas surgiram, e a estratégia adaptou-se para incluir Instagram, YouTube, TikTok, Threads e, mais recentemente, formatos como newsletters segmentadas.
“A essência mantém-se: comunicar diretamente com o público, criar envolvimento e facilitar o acesso às talks e conteúdos”, observa, revelando que a grande transformação foi a forma como os algoritmos das redes sociais influenciam o alcance e a disseminação da informação. Isso, adianta, “tornou essencial um trabalho contínuo de curadoria e adaptação às novas dinâmicas digitais”.
As redes sociais continuam a ser o ponto de comunicação principal com a audiência do evento. “São o canal onde anunciamos os oradores, partilhamos conteúdos relevantes e envolvemos a comunidade antes, durante e depois do evento”. Hoje, além de divulgar os conteúdos das talks, são também um espaço de interação e construção de comunidade.
“A partilha de momentos-chave, citações impactantes e bastidores do evento cria um envolvimento contínuo e reforça a ligação do público com a marca TEDxLisboa”, comenta Marta Gonzaga. Entende que plataformas como o Instagram e o LinkedIn têm um papel “crucial” na conexão com diferentes segmentos da audiência – do público geral às empresas e profissionais interessados nos temas discutidos. “O YouTube, por sua vez, continua a ser essencial para o acesso gratuito às talks, contribuindo para a partilha do conhecimento e para a longevidade do impacto de cada edição”.
Para o futuro, o TEDx quer aproveitar novos formatos, como o TEDxStudio, que permite gravar talks mais curtas em qualquer lugar com um potencial de alcance global ainda maior. Está igualmente a explorar colaborações com entidades locais para “enaltecer e partilhar boas práticas”. “Os portugueses são hoje muito menos fechados e desenvolveram novos hábitos de colaboração e partilha. Há um enorme potencial para expandir o impacto do TEDxLisboa através de formatos híbridos, conteúdos digitais mais dinâmicos e eventos satélite ao longo do ano. Vamos continuar a espalhar essa magia, mantendo sempre o foco no essencial: ideias que merecem ser partilhadas”, remata.
Olá, marketeers
O que ganha um marketeer em assistir ao TEDxLisboa? Para a organizadora e curadora do evento, Marta Gonzaga, a resposta é clara: “Sair do registo habitual e escolher ouvir a pulsação da cidade e do mundo”. Vê o TEDxLisboa como um laboratório de insights, tendências e ligações, onde se encontram narrativas “poderosas”, novas perspetivas e abordagens “disruptivas”, que podem ser aplicadas aos processos de criação e desenvolvimento de estratégias de comunicação ou marca.
“É um espaço onde se cruzam inovação, criatividade e storytelling de enorme qualidade. Se vai aprender? Talvez. Se vai sair inspirado? Certamente. E os criativos precisam de se surpreender”, diz.
Experiência completa
A par das palestras, a organização aposta também numa programação cultural paralela. “Um evento TEDx é uma celebração – há uma forte componente de espetáculo. Os temas são variados, e a arte faz parte de qualquer celebração”, justifica Marta Gonzaga, adiantando que a programação cultural paralela não é apenas um complemento, mas parte “essencial” da experiência.
“A música, a performance e as artes visuais criam momentos de pausa e reflexão entre as talks, permitindo que o público processe e absorva melhor as ideias apresentadas”, diz. Além disso, considera a cultura como um veículo poderoso para amplificar mensagens e tocar as pessoas de formas que as palavras, por si só, nem sempre conseguem.
“Ao longo dos anos, temos integrado performances artísticas que surpreendem e desafiam o público a olhar para os temas sob novas perspetivas. O objetivo é garantir que o TEDxLisboa seja uma experiência inesquecível com várias fontes de inspiração”, comenta.
Patrocinadores ativos
Nos primeiros anos, o foco dos patrocinadores estava na associação à marca TEDx e ao “prestígio” do evento, revela Marta Gonzaga. Essa visão tornou-se mais ativa. “Hoje, mais do que nunca, procuramos que os parceiros participem de forma genuína e tragam algo que as pessoas ainda não conhecem”, diz, adiantando que os melhores parceiros são aqueles que enriquecem a experiência do público, trazendo ativações inovadoras, iniciativas alinhadas com os temas do evento e um envolvimento que transcende a simples visibilidade da marca.
“Temos o privilégio de contar com parceiros que partilham do espírito de curiosidade, inovação e impacto positivo – marcas e organizações que não só acreditam no poder das ideias, mas que também se envolvem ativamente para tornar o TEDxLisboa uma experiência ainda mais autêntica e relevante”.