A Significa surgiu, em 2016, num pequeno escritório improvisado, no Porto, revela Rui Sereno, que fundou a agência com Pedro Brandão e André Resendes. Conta que nasceu na ressaca da faculdade, porque… existia um cliente. Posicionamento? “Era tudo o que viesse, desde design gráfico, a publicidade, websites, ilustrações, entre outros, afirma, sobre os primeiros tempos, alimentados por “café e paixão”. Adianta, porém, que sempre houve o propósito de desenvolver projetos que, além da sua componente estética, tivessem “significado, acrescentassem valor e tivessem um impacto positivo” nas marcas e nas comunidades. E é precisamente dessa missão que advém o nome da agência. “Queríamos um nome que refletisse a nossa abordagem ao criar projetos, que vai da compreensão ao foco: nos nossos clientes, os seus produtos e respetivos utilizadores”, explica.
Os objetivos foram “superados”, diz, e oito anos depois, a Significa é uma agência digital premiada que cria produtos digitais para vários clientes internacionais, com uma equipa de 35 “pessoas talentosas”. “No início, não tínhamos ambição nenhuma em crescer, nenhum de nós os três. Queríamos manter o nariz fora de água e pagar as contas”, nota, revelando que ganhavam o salário mínimo. A proposta de absorção de outra agência nacional foi o click que precisavam para perceber que podiam crescer.
“Não há dinheiro que pague chegar todos os dias ao escritório com vontade de trabalhar com quem gostamos. Queremos continuar assim, pelo que quando consideramos novas pessoas para se juntarem a nós, não nos focamos apenas no seu percurso profissional e experiência”, comenta, observando que o posicionamento mudou completamente. Hoje é claro: a agência foca-se em estratégia, design e desenvolvimento de produtos digitais e e-commerce. O que não faz é segregar mercados. “O mercado é o mundo inteiro”, diz Rui Sereno, defendendo que há mercado para todas as agências. O que pode não haver, entende, é uma adequação das ambições das agências com o mercado com o qual trabalham (ou com quem as procura). “Por exemplo, nós percebemos que o nosso posicionamento tinha defeitos quanto recebíamos leads com expectativas de orçamento incrivelmente abaixo do que nós cobramos. Ou seja, o problema não era de quem nos procurava, era nosso. Nós é que não estávamos a comunicar de forma correta”, clarifica. Não quer com isto dizer que já o estejam a fazer de forma irrepreensível, mas é algo no qual têm vindo a trabalhar continuamente.
A Significa trabalha, pois, com o mundo inteiro, sendo irrelevante a nacionalidade do cliente. “Se os nossos valores estiverem alinhados, se o interesse em trabalhar for mútuo, se os clientes compreenderem o valor que acrescentamos e se a questão financeira estiver acordada, reúnem-se todos os requisitos para que possamos iniciar a nossa colaboração”.
Surpreendentemente, diz, e sem terem baixado os preços (antes pelo contrário), têm tido cada vez mais clientes em Portugal. Acredita que isso se deve, em parte, a uma melhor perceção do valor acrescentado que implementar um “design excecional” traz a vários níveis, como por exemplo, o impacto que tem nas taxas de conversão de uma plataforma e-commerce. “A outra parte prende-se, naturalmente, com o crescente número de empresas em fases de transformação digital e de start-ups com financiamentos mais avultados”, justifica.
Até 2029, a meta é crescer 10% todos os anos. Para isso, estão, entre outras estratégias, a estudar e reformular as operações a vários níveis, assim como a efetuar contratações estratégicas. O desafio de crescer para uma equipa de 35 pessoas tem pedido constante adaptação e aprendizagem, na maior parte das vezes ad hoc. “Nesta fase, tendo em conta os nossos objetivos, é fundamental consolidar processos, e de facto, elevar o nosso “jogo”, afirma, ressalvando que a prioridade é sempre a sustentabilidade. “Nunca quisemos, e continuamos sem querer crescer (em número de pessoas) desmesuradamente. Não queremos passar das 40 pessoas para não deteriorar a cultura que fomentamos e para a qual todos contribuem”. Isto não quer dizer que não existam objetivos de crescimento financeiro, “progressiva qualidade, prestígio e consequente aumento das rates”. De tal modo que 2024 está a ser um ano “ótimo” para a agência. Com a perspetiva de que venha a ser o melhor de sempre.
Sofia Dutra