Stranger Marketing? O Rui troca a estranheza por miúdos

“Stranger marketing”. Foi este o tema escolhido pela APPM – Associação Portuguesa dos Profissionais de Marketing para a Marketing Marathon 2018, que hoje se começou a “correr” no ISEG, em Lisboa. Parece estranho como tema? Rui Ventura, o presidente da associação, diz que não e explica a escolha com a preocupação que existe de levar à discussão “temas relevantes e temas que apaixonem o público”.

Este ano –  acredita – não é exceção: “A reflexão que fizemos foi em torno do fenómeno de mudança constante em que vivemos no seio das marcas, empresas, instituições, da sociedade e do Marketing como um todo. Assistimos a um cruzamento cada vez mais acelerado de ciências, áreas de conhecimento, profissões, artes e saberes que não tinham, aparentemente, muito em comum, mas que, com o advento e ubiquidade da tecnologia, nos vai provando o contrário”. Admite que, no início, este fenómeno causa estranheza, mas entende que, à medida que vai provando o seu conceito, vai fazendo aprender novos caminhos. E é exatamente por aqui, por estes novos caminhos e estas novas formas de fazer marketing que passa esta Marketing Marathon.

Mas virá a estranheza do mundo das marcas ou ser-lhe-á externa? Rui Ventura diz que, aparentemente, não há nada de estranho nesse mundo, mas propõe uma análise mais em profundidade, convicto de que permitirá perceber que as marcas e os profissionais de Marketing estão a mudar, face à pressão para medir, para analisar, para prever ou para criar. E que essa pressão tem levado ao recrutamento de matemáticos, antropólogos, engenheiros e cientistas sociais para os quadros até aqui ocupados por licenciados em Marketing ou Gestão. “Percebemos que, de facto, estamos a viver tempos estranhos. E com estranho não quero dizer nem melhores nem piores, apenas diferentes. Aquilo que queremos é compreender estas mudanças e adaptarmo-nos às mesmas, se possível ajudando a moldar os profissionais de Marketing do futuro”, argumenta. Uma parte deste “stranger marketing” advém da ubiquidade e da extrema dependência na tecnologia, mas o presidente da APPM encontra mais explicações: “Eu diria que a grande responsabilidade desta estranheza em análise vai para a alteração dos comportamentos dos consumidores em termos de socialização, relação com os seus pares e com as marcas, e a forma como consomem conteúdos, informação, produtos ou serviços”.

O debate em torno destes tempos estranhos desdobra-se em três subtemas, um por cada dia da maratona. O arranque dá-se com a premissa “In digital we trust”. Com ela, a APPM propõe-se mostrar exemplos distintos do uso do digital para as marcas: “Queremos mostrar casos de sucesso, mas também o inverso. Queremos mostrar que o digital pode afunilar a nossa visão e o nosso conhecimento provando ser, muitas vezes, o contrário a uma autoestrada do conhecimento.  Queremos mostrar exemplos da má utilização do digital na formação da opinião, na construção e destruição de marcas e até na área da política”.

Segue-se “Colliding worlds”. “Claramente vivemos em tempos de colisão entre realidades distintas. Marcas e serviços que agem em conflito com legislação, governos ou classes. Marcas que nascem no digital e têm agora uma necessidade imperativa de se materializarem no mundo das coisas. Marcas que, apesar do advento da tecnologia e da globalização, se querem posicionar como joias exclusivas e locais renunciando à tecnologia. Temos inúmeros exemplos de marcas, produtos e serviços em rotas distintas e que, muitas vezes, colidem ou, potencialmente, podem colidir com as realidades vigentes”, enquadra Rui Ventura.

Finalmente, “Embrace change”. “A mudança é a maior constante na nossa sociedade e hoje vivemos tempos de uma mudança ainda mais acelerada e sem modelos testados. Ou seja, temos de estar predispostos para a mudança. E é exatamente sobre mudança e sobre uma revolução que está a acontecer que a Marketing Marathon se vai focar este ano. Uma revolução na forma de estar, na forma de pensar e na forma de executar, que impacta marcas, profissionais e sociedades. Mudanças ao nível dos estilos de vida, mudança ao nível do trabalho e na forma como pensamos a relação entre a nossa vida e o trabalho e mudança ao nível da comunicação e dos conteúdos”.

A revolução não é de hoje. Já em 2017 a APPM a tinha colocado como ponto de partida da sua maratona anual de reflexão.

fs@briefing.pt

Segunda-feira, 09 Abril 2018 10:53


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