Ora, neste tempo, as pessoas tomam decisões com um telemóvel na mão e a paciência e o tempo não existem em fartura, pelo que não querem ter de esperar que a manicure ou o barbeiro confirmem uma marcação. Para evitar a perda de tempo entre a procura dos espaços, telefonemas e agendas, nasceu, em junho de 2020, a portuguesa sheerME. Assim, se alguém se lembrar de marcar a barba às duas da manhã, pode fazê-lo pela aplicação e fica com a certeza que vai acontecer.
A plataforma permite descobrir e marcar serviços nas áreas de beleza, bem-estar e fitness. A partir dela, os utilizadores têm acesso a informação detalhada de cada espaço, bem como a opiniões, avaliações e fotografias das experiências partilhadas por outras pessoas. O fundador e CEO, Miguel Alves Ribeiro, refere que a sheerME nasceu para que as pessoas encontrem tudo o que precisam para cuidar de si, sob o mote “Um momento totalmente para mim”.
Além disso, pretende ser uma aceleradora da transição digital para o setor, uma vez que muitos dos sítios não têm presença online. “Notamos que há muita ineficiência. Se olharmos há 15 anos, as pessoas faziam as marcações nos hotéis de forma diferente, depois apareceu o Booking que veio trazer eficiência, tanto para os espaços, como para quem procura por essas ofertas. Há 10 anos, vimos empresas, como a Open Table, Top Table e Best Table – lançadas por nós –, que trouxeram a possibilidade de as pessoas fazerem as marcações em restaurantes”, explica. Por esse motivo, querem levar a transição até ao setor, não esquecendo que este é “muito resistente” e que precisa de todo o suporte para que a evolução aconteça acompanhada.
A pandemia também veio apressar a transformação digital e a obrigar à marcação deste tipo de serviços, o que acabou por ser “um mero acaso e uma oportunidade única” para o lançamento da plataforma. Esta oferece serviços nos distritos de Braga, Porto, Lisboa e Faro; em mais de 7000 espaços, sendo que, em dois meses, o número dos que têm marcações online subiu de 300 para 2500. Até ao final do ano, a sheerME espera cobrir todo o território nacional.
São várias as parcerias que tem firmado. Juntou-se, por exemplo, à Divisão de Produtos Profissionais da L’Oréal, a qual vai ajudar, através das suas marcas, a transformar o setor e a promover a plataforma junto dos mesmos. Também se ligou à app financeira global Revolut, para que os profissionais da área, que sejam clientes “Revolut Business”, possam beneficiar de uma série de ofertas disponíveis, a partir da ferramenta “Recompensas” da aplicação. E, brevemente, todos os seus espaços, que aceitem marcações online, vão ter a funcionalidade “Reserve com o Google”, que permite ao utilizador fazer a reserva diretamente através da Pesquisa, do Maps ou do Assistente Google.
É isso que a equipa da sheerME diz valorizar e trazer de diferenciador: negócio e visibilidade. “O que há no mercado é, tipicamente, uma ferramenta e dizem ‘está aqui isto, usa’, mas fica a faltar a ponte para canalizar novo tráfego, novo negócio. Enquanto a nossa equipa traz a sua capacidade de inovação e um produto diferente, que traz posicionamento e visibilidade ao setor”, defende o responsável.
Como em todas as empresas, também a plataforma tem de faturar. Há quatro formas, sendo que três são diretamente com o cliente. Numa delas, o espaço paga apenas uma comissão por cada pessoa que a sheerME envia, uma vez que tem as marcações ativas, mas não usa a agenda digital. Outra é pelo “Booking Manager”, a tal agenda digital, que requer um pagamento mensal e permite: registar todos os clientes do espaço e notificá-los, interagir com a plataforma, e fazer uma gestão do horário “muito mais eficiente porque oferece mais ferramentas” – dar descontos, anunciar horários off pick, entre outras. “A maior parte das pessoas acaba por aderir ao ‘Booking Manager’, em vez de ter apenas a marcação, porque é uma ferramenta mais completa e nós também temos todo o interesse em canalizar tráfego para lá”, diz. Também a partir do advertisement, isto é, de toda a publicidade que apareça na plataforma e nas suas redes sociais e/ou newsletters – como vídeos dos espaços ou display ads –, a empresa fatura.
Além dessas, recebe com as “Enterprise Sales”, que são as vendas a grandes marcas – como acontece, por exemplo, através da parceria com a L´Oréal –, em que podem vender uma coleção patrocinada pelas mesmas ou dizer quais os espaços que têm um produto específico delas.
Miguel Alves Ribeiro conta que o mês de junho arrancou com novidades: pagamentos pela plataforma, uma wallet e um programa de cashback. Este último devolve 10% do valor gasto em cada serviço, que poderá ser descontado numa próxima vez.
A ambição passa por criar esta tendência de mercado, em que as pessoas se habituam a fazer as suas marcações, através da sheerME, “porque é muito mais eficiente para todos, quer para os espaços, quer para os clientes que encontram o que querem, sabem logo a disponibilidade e marcam”.