Criado há mais de 56 anos, o Festival Internacional de Cannes
representa para o mundo da publicidade aquilo que os Óscares são para a
indústria do cinema. Não é, aliás, por acaso que os principais
festivais de cinema e de publicidade se realizam ambos em Cannes.
Mas este será o último ano em que os parâmetros com que se iniciou –
premiar a criatividade na publicidade – vão ser os utilizados.
“A ideia é transformar o festival de publicidade num festival mais
global, para todas as formas de comunicação”, explicou à Lusa a
representante portuguesa do Festival de Cannes, Ana Paula Costa,
admitindo que a designação deverá mudar na próxima edição.
Por isso, às 11 categorias já existentes – filme, imprensa, outdoor,
internet, media, comunicação directa, rádio, promoção, design, relações
públicas e ‘titanium’ (para “rasgos” de criatividade) – junta-se, este
ano, a disciplina de marketing.
Mas a organização do festival também traçou novos posicionamentos para
o evento. Se até há pouco tempo, a ideia dos profissionais era
conquistar prémios mas também usufruir do convívio e do ‘glamour’ de um
local como Cannes, hoje objectivo passa mais pela aposta na formação.
Paralelamente ao visionamento de milhares de anúncios e campanhas e à
escolha dos melhores do mundo, decorrem mais de 50 seminários, outros
tantos workshops e mais de meia centena de ‘masterclasses’.
“É um certame único de formação com os maiores peritos e que
proporciona uma mais-valia aos profissionais como seria difícil terem
noutro local”, adianta Ana Paula Costa.
“O principal objectivo é que os administradores das empresas, quando
fazem os seus orçamentos anuais para formação, contemplem o festival de
Cannes”, acrescenta.
Todas estas alterações não afastaram do concurso as agências
portuguesas. Pelo contrário. Em cerca de 90 países presentes na edição
deste ano, Portugal encontra-se no 26º lugar entre os que têm mais
trabalhos inscritos.
“Temos 214 trabalhos inscritos, o que significa menos 23 por cento do
que no ano passado”, afirma a responsável, lembrando que a indústria da
publicidade sofre, desde há cerca de dois anos, uma forte queda de
investimentos. “Claro que isso também se reflecte no festival”.
Ainda assim, Portugal não desanimou, já que, no ano passado – em plena
crise – resolveu aumentar o seu número de concorrentes em 5,5 por cento.
No total, estarão em avaliação este ano 24.242 trabalhos, ou seja, mais 7 por cento do que em 2009.
Fonte: Lusa