A opinião de… Fábio Gomes, do FI Group Portugal

“Se a sua empresa não está a criar vídeos curtos, então está a perder dinheiro”. Esta é a convicção do Marketing Manager & Digital Transformation Strategist do FI Group Portugal, Fábio Gomes, que aborda as plataformas de vídeo de formato curto na comunicação audiovisual.

A opinião de... Fábio Gomes

As plataformas de vídeo de formato curto estão a transformar a comunicação digital, mas a sua eficácia no setor B2B continua em debate.

Enquanto no B2C os vídeos curtos são uma ferramenta poderosa para captar atenção e impulsionar tendências, no B2B, especialmente na consultoria, a sua utilidade é questionável. O formato rápido e dinâmico pode atrair visualizações, mas será suficiente para comunicar informação complexa e estabelecer relações de confiança entre empresas?

Empresas portuguesas como a FI Group Portugal têm apostado fortemente no vídeo curto como uma estratégia para atrair a atenção do seu público-alvo. Na FI Group temos vindo a produzir conteúdos dinâmicos que permitem apresentar conceitos-chave sobre incentivos financeiros e fiscais de forma acessível e apelativa. Este ano, a estratégia passa pela criação de uma “Fábrica de Conteúdos” no nosso escritório do Porto, um espaço exclusivamebte dedicado à produção de vídeos curtos e videocasts, garantindo um fluxo contínuo de material relevante para a nossa audiência B2B.

Esta aposta reforça a ideia de que, no setor B2B, a geração de conteúdo original é crucial para manter a relevância no mercado. Num contexto onde cada vez mais textos são gerados por Inteligência Artificial, o vídeo assume-se como um formato distintivo, proporcionando autenticidade e conexão humana. Acredito que um bom storytelling é a chave para captar audiências, como forma de aprofundar discussões sobre temas estratégicos.

Outro ponto crítico é a dinâmica dos algoritmos, que privilegiam conteúdo popular em detrimento da qualidade. Isso pode dificultar a visibilidade de materiais mais densos e educativos. Uma alternativa viável é usar vídeos curtos como um “gancho” inicial para direcionar audiências para conteúdo mais aprofundado, como webcasts, relatórios ou estudos de caso.

No entanto, é importante considerar que a evolução do vídeo curto não pode ser ignorada por completo. Empresas como a Galp e a Fidelidade têm vindo a utilizar estratégias de marketing digital que incluem este formato, explorando formas criativas de apresentar produtos e serviços de forma sucinta e eficaz. A chave para uma implementação bem-sucedida está na combinação de formatos.

Por outro lado, é necessário questionar até que ponto este formato pode comprometer a qualidade da comunicação empresarial. No setor da consultoria, por exemplo, a tomada de decisão baseia-se em análises profundas e dados concretos, algo que dificilmente pode ser resumido em poucos segundos sem perder valor. O risco de simplificação excessiva pode levar a interpretações erradas e, em casos mais extremos, à disseminação de informação imprecisa.

Além disso, há também uma questão de audiência. No B2C, os consumidores estão habituados a um consumo rápido e emocional de conteúdo, enquanto no B2B, o público-alvo tende a valorizar a profundidade e a credibilidade da informação. Assim, apostar exclusivamente em vídeos curtos pode não ser a melhor estratégia para empresas cujo objetivo é estabelecer autoridade e confiança no mercado.

Contudo, é inegável que a abordagem certa ao vídeo curto pode gerar leads qualificados e, consequentemente, conversões. Os potenciais clientes no setor B2B são inundados por comunicações genéricas e aborrecidas, facilmente descartáveis. No entanto, ao criar conteúdos de alta qualidade, envolventes e informativos, as empresas podem captar a atenção do seu público-alvo e construir um relacionamento que leve a decisões de compra informadas. O segredo está em equilibrar criatividade, relevância e uma estratégia de distribuição bem definida para transformar visualizações em oportunidades reais de negócio.

Apesar do crescimento das grandes empresas na adoção desta estratégia, muitas PME ainda não estão a explorar o potencial dos vídeos curtos. A falta de recursos e a perceção de que este formato é exclusivo para grandes marcas leva a uma subutilização desta ferramenta por parte das pequenas e médias empresas. No entanto, a realidade é que a criação de conteúdos em vídeo curto não exige investimentos exorbitantes.

Em resumo, embora os vídeos curtos estejam a dominar a comunicação digital, acredito que o desafio é equilibrar a necessidade de captar atenção com a exigência de transmitir informação relevante e construtiva, sem comprometer a credibilidade e a profundidade da marca. As empresas que conseguirem integrar de forma inteligente este formato na sua estratégia global de comunicação digital terão uma vantagem competitiva significativa. E, desta forma, nós os profissionais de marketing podemos transformar os nossos departamentos de centros de custos para centros de receitas.

Fábio Gomes, Marketing Manager & Digital Transformation Strategist do FI Group Portugal

Terça-feira, 11 Março 2025 12:22


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