A Inteligência Artificial (IA) tem sido frequentemente associada a um conjunto de fatores menos positivos como a possível perda de empregos, o receio de uma desumanização crescente, ou o uso indevido de dados pessoais. Apesar de entender e compreender estes receios, creio que os diferentes stakeholders (as marcas, as instituições de ensino, os media, entre outros) responsáveis, na sua maioria, por educar a sociedade sobre qual é o impacto da IA na mesma, deverão assumir a sua responsabilidade tendo como missão a visão da IA, não apenas como uma ferramenta, mas sim como um novo pilar de amplificação das capacidades do ser humano. Isto é, o foco não deve ser o clickbait, mas sim uma real educação de como é fundamental apanhar este comboio o mais rapidamente possível, sob pena de se ficar infoexcluído num período muito curto de tempo.
A IA deve ser entendida como uma extensão da nossa criatividade e potencial, tendo um papel de facilitadora, o que nos pode levar a tomar melhores decisões (pois temos uma maior e melhor visão das diferentes escolhas que temos numa dada situação), de forma mais eficiente, com menos gasto de energia. Vermos a tecnologia como algo natural e que nos liberta de tarefas repetitivas de pouco valor acrescentado é fundamental para termos cada vez mais tempo para nos focarmos naquilo que nós, como seres humanos, somos únicos a fazer, como a criação de relações analógicas (e digitais) com significado.
A educação é o passaporte para uma sociedade mais inclusiva e consciente do seu potencial, bem como de quais as ferramentas que lhe permitam continuamente expandir os seus limites. Como seres emocionais que somos, o desconhecido provoca-nos medo. Devemos, contudo, encontrar coragem para avançar, independentemente do medo ou apreensão que sentimos, pois estes vão estar sempre presentes.
Naturalmente, a ética deve também sempre acompanhar o progresso tecnológico na medida em que é essencial para as empresas serem transparentes sobre as características e os benefícios dos seus produtos e serviços. Os consumidores valorizam cada vez mais esta transparência, pelo que é um caminho que me parece cada vez mais orgânico e comum as marcas virem a percorrer nos próximos anos.
A IA é a oportunidade não de uma, mas de várias gerações terem acesso ao elevador social. Perceber como podemos evoluir, como sociedade, com a tecnologia ao nosso lado, é verdadeiramente o que nos deve importar.
Marcos Castro, coordenador da pós-graduação em Inteligência Artificial no Marketing do IPAM