Da rádio à televisão, passando pela imprensa, tudo mudou. Se a esta indústria juntarmos as indústrias em relação, concluímos rapidamente que, no campo da indústria mediática, indústrias criativas e de entretenimento, o paradigma é exactamente a ausência dele, em face das várias tentativas para o redefinir.
Modelos, ainda não existem. Não se prevê que venham a existir tão cedo. Acredito que cada meio de comunicação encontrará o seu e, em cada meio, as diferentes marcas de media irão definir fórmulas diferentes para gerir o seu negócio. Porque cada marca terá já uma relação estabelecida com a audiência e esta é, seguramente, diferente entre marcas de media.
O modelo de que tanto se fala é um novo modelo de consumo e, simultaneamente terá de ser um modelo de negócio. Talvez este seja o maior desafio. Contudo, acredito que o maior desafio será o da reconversão das pessoas. A mudança do mindset, comportamentos instalados e atitudes cristalizadas, que leva muitos de nós a pensar de forma antiquada num ambiente demasiado moderno. Ou seja, pensar rádio, televisão ou imprensa, considerando apenas as ondas hertzianas e o streaming dessas ondas, pensar num programa e não na sua pegada digital ou extensão enquanto marca, pensar numa notícia enquanto um texto escrito que nos conta ou explica qualquer coisa pode não ser a melhor abordagem.
O desafio do presente e do futuro é o de saber contar histórias. E contá-las usando as diferentes ferramentas que temos ao nosso dispor, disponibilizando-as nas várias plataformas de distribuição disponíveis. Mas é também o desafio de contar histórias de forma inovadora, com menos recursos humanos. E nunca a tecnologia poderá substituir a capacidade humana para descobrir e narrar os acontecimentos.
A viabilidade depende da resposta da audiência. Essa resposta media-se através da venda de jornais, níveis de audiências na rádio e na televisão. Hoje, o processo é de extrema complexidade. Exige integração de dados quantitativos (quantos me viram ou ouviram) e qualitativos (quantos fizeram referências positivas à minha marca ou ao meu conteúdo). Implica cruzar tweets com retweets, likes com shares, acessos ao site com envio do conteúdo a um amigo. Likes do mesmo conteúdo em plataformas diferentes. E, também, as menções, os favoritos e toda uma simbologia que não se limita a um “quantos são” e obriga a prestar atenção ao “como são” e ao “que dizem”. No fundo, o novo paradigma implica criar e medir relações. Esse é o maior desafio do presente.