CTRL Z: O poder da nossa geração

Inês Paixão é a convidada na estreia da rubrica “CTRL Z”. No seu artigo, a aluna da licenciatura de Direito na Universidade Católica Portuguesa confessa que a sua geração espera que as marcas integrem os consumidores na sua identidade, oferecendo experiências que os surpreendam e narrativas “diferenciadas”.

CTRL Z: O poder da nossa geração

A Geração Z nasceu com a tecla undo na ponta dos dedos. Somos uma geração que sabe que tudo pode ser revisto, refeito, reimaginado. Sabemos que as trends de hoje se cancelam no scroll seguinte e que a relevância de uma marca não reside numa estratégia de eternização dos seus conteúdos e das suas narrativas. Pelo contrário: o verdadeiro gesto criativo é o de saber quando carregar no undo.

Hoje, o CTRL Z é a verdadeira matéria-prima da inovação. Num tempo que corre em fast-pace como o nosso, é crucial saber esquecer tudo aquilo que já conhecemos e reimaginar do zero, sobre uma página em branco, as ideias, narrativas e tendências do amanhã. Enquanto consumidores, rejeitamos marcas que se limitem a existir como artigos numa prateleira. Queremos experiências que nos surpreendam e narrativas diferenciadas todos os dias, que nos façam sentir parte de algo maior, parte da própria identidade da marca. O que escolhemos comprar, quem escolhemos seguir ou aquilo que compartilhamos com os nossos amigos é a nossa forma de dizer: “Estamos aqui, fazemos parte disto”.

Mais do que nunca, queremos ser cocriadores das experiências que vivemos. Procuramos marcas que funcionem como plataformas para a criação de verdadeiras comunidades, em que cada like, partilha ou comentário representam um gesto de cocriação.

Por isso, fizemos undo em experiências de marca rígidas e impessoais, a feeds perfeitos e a anúncios que falavam sozinhos. Procuramos marcas autênticas, ousadas e próximas – marcas que se façam sentir como as nossas marcas. Marcas que fazem da sustentabilidade, da diversidade, da transparência os pilares da sua identidade, transformando estes valores em verdadeiros compromissos e não apenas em slogans ou hashtags. Queremos marcas que falem connosco, que permitam que cada interação seja uma extensão da nossa identidade.

Estamos sempre prontos a desfazer o que não nos ressoa mais. Sempre na iminência do CTRL Z.

Inês Paixão, aluna da licenciatura de Direito na Universidade Católica Portuguesa 

Terça-feira, 02 Dezembro 2025 09:44


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