Depois de quatro anos na baixa lisboeta, na Rua dos Fanqueiros, o Terroir procurou uma nova morada e instalou-se, em julho, junto ao Marquês de Pombal. A motivação foi a expansão do projeto de Inês Santos e Erik Ibrahim, que queriam continuar a ter um espaço que concretizasse as memórias das viagens que fizeram ao longo dos anos, mas que fosse mais amplo e convidativo.
Não obstante a mudança, o restaurante, recomendado pelo Guia MICHELIN 2023/2024, mantém o conceito decorativo, a inspiração gastronómica e a qualidade dos vinhos. É visitado 90 % por estrangeiros.
Ao leme da cozinha, está o chef Guilherme Sousa, que já passou por espaços como o Ocean, Fortaleza do Guincho e Fifty Seconds by Martín Berasategui. No Terroir, mantém o foco no produto português e na sua sazonalidade, não descartando a novidade. “Com influências de um pouco por todo o mundo, as receitas são moldadas às técnicas contemporâneas, privilegiando sempre a autenticidade do produto e dos sabores”, explica, acrescentando que o menu é surpresa e vai sendo adaptado todos os dias – o mesmo acontece se existir alguma restrição alimentar por parte dos clientes.
Há apenas menus de degustação – um de cinco e outro de oito momentos – porque a equipa diz preferir focar-se na experiência. A nossa foi muito positiva e combinou inspirações nacionais e do mundo, através de propostas inusitadas, como: ostra, pepino e rábano picante; bimi, gema curada e teriyaki; choco, aipo e tinta de choco; pato, funcho e caril; gamba do Algarve, abóbora e trufa branca; pescada, batata e caldo de cozido; feijoada de bacalhau; veado, beterraba e mirtilo; morangos, wasabi e manjericão; e pêssego, queijo cabra e mel.
Para acompanhar as propostas gastronómicas, está disponível uma harmonização vínica para cada um dos menus. O Terroir tem uma garrafeira com referências vínicas de várias regiões de Portugal, selecionada pela escanção Magda Martins. A par dos vinhos, também é possível optar por um cocktail de autor, como o “Touriga” – o bestseller desde a abertura do restaurante.
A envolver isto tudo está um espaço que se inspira no próprio nome do restaurante, com a pretensão de “recriar o terroir”, tendo em conta os elementos que fazem parte de um bom vinho: as nuvens representam o clima, o chão escuro a terra, os troncos na parede simbolizam a vinha, e os bichos na parede são alusivos à filoxera – uma praga que ocorreu em 1860 e que arrasou as vinhas na Europa.
Aqui, saímos com a sensação de que não é só a comida bem conseguida do chef Guilherme Sousa, e bem harmonizada, que faz o Terroir. É todo o serviço, organizado por uma equipa muito prestável e descontraída, que leva a voltar a um espaço ideal para ir com família ou amigos. É o que vamos fazer…
Carolina Neves